A importância da educação ao ar livre para crianças

Ver e sentir a beleza das flores, aproveitar um banho de chuva, plantar uma árvore, construir bonequinhos de galho, fazer uma coleção com elementos da natureza, brincar na areia, subir em árvores, construir cabanas, encontrar os amigos ao ar livre e descobrir como a vida se desenvolve são experiências importantes que nos colocam diante da beleza e do mistério da vida. Na primeira infância, a educação e os processos de desenvolvimento se beneficiam diretamente dessas interações.

Se a educação ao ar livre não tiver lugar na escola ou em outros territórios educativos, talvez não aconteça na vida de grande parte das crianças, empobrecendo o repertório de experiências que elas podem vivenciar.

O contato com a natureza, além de ser um direito das crianças brasileiras, ajuda também a fomentar a criatividade, a iniciativa, a autoconfiança, a capacidade de escolha, de tomar decisões e resolver problemas. Os ambientes naturais são estimulantes e promovem o aprendizado em diferentes níveis.

O jornalista e especialista em advocacy pela infância Richard Louv, autor do livro “A última criança na natureza”, criou o termo Transtorno do Déficit de Natureza (TDN), que diz respeito às consequências de manter as crianças sentadas e fechadas em ambientes escolares ou domésticos. Ao cunhar esse termo, ele chamou a atenção da comunidade internacional para o impacto negativo da falta da natureza na vida das crianças.

Confira os benefícios da educação ao ar livre elencados pelo programa Criança e Natureza

“Estimula todos os sentidos daqueles que estão na primeira infância e incentivam o aprender. Brincar na natureza estimula a criatividade: os brinquedos são criados e reinventados a partir de recursos encontrados durante a brincadeira: o galho que vira espada, a folha que vira um barquinho. Estudos com crianças escolarizadas mostram que, nas áreas verdes da escola, as crianças brincam de forma mais criativa e cooperativa.”

“Aprendizado mais ativo e explorado: estudos nos Estados Unidos mostram que, em escolas que oferecem oportunidades de aprendizado fora da sala de aula, há uma melhora significativa no aproveitamento dos alunos em diferentes áreas do conhecimento.”

“Favorece os vínculos sociais: as crianças que brincam ao ar livre com regularidade de forma não dirigida e estruturada são mais capazes de conviver com os outros, mais saudáveis e mais felizes.”

“Inspira momentos de concentração, promovendo a educação na infância e o desenvolvimento. Além de proporcionar a experiência do belo, o acesso à natureza aumenta o equilíbrio e a autorregulação em jovens que vivem na cidade.”

“Estimula a atividade física: as crianças que brincam em diferentes ambientes naturais são mais ativas fisicamente, mais conscientes sobre sua alimentação e mais cuidadosas com o outro.”

“Contribui para a prevenção da violência: a experiência e o senso comum, bem como teorias e pesquisas, mostram que, à medida em que os territórios e espaços públicos são ocupados – e crianças brincando e circulando são usos muito qualificados –, a violência e a depredação declinam.” 

“Traz benefícios diretos à saúde: o contato com a natureza pode reduzir significativamente os sintomas de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.”

“Melhora a nutrição: crianças que plantam seus próprios alimentos são mais propensas a comer frutas e vegetais, têm um conhecimento maior sobre nutrição, têm maiores chances de manter hábitos alimentares saudáveis por toda a vida.” 

“Contribui para a conservação da natureza: a criança que convive com o meio natural e desenvolve afinidade em relação à natureza aprecia e zela pelo mundo à sua volta porque o respeita e o reconhece como seu ambiente de pertencimento.”

“Desperta o consumo crítico e consciente: as crianças que crescem em contato com o ambiente natural têm mais chances de construir uma base de experiências concretas, diretas e reais, baseadas em valores diferentes da lógica do consumo, na direção da afetividade, da beleza natural e da simplicidade.”

“Desenvolve competência e resiliência: o ser humano aprende a avaliar e a correr riscos, cair e levantar, se machucar e persistir desde cedo, na interação com o ambiente. Garantir à criança uma educação ao ar livre é proporcionar uma variedade de situações em que terá a autonomia de escolher os riscos que quer correr, gerenciá-los e aprender com eles.”

O caminho de educação e aprendizado na natureza promove para a primeira infância um desenvolvimento mais confiante e resiliente, capaz de lidar com as adversidades da vida.