Pensando cidades para crianças

Espaços que consideram as necessidades dos bebês, das crianças e de seus cuidadores promovem cidades mais justas, saudáveis e vibrantes

A iniciativa Urban95 procura dar voz aos bebês, crianças pequenas e cuidadores no planejamento urbano, nas estratégias de mobilidade e nos programas e serviços destinados a eles nas cidades. A criação de áreas dedicadas à primeira infância pode ter grande impacto na qualidade de vida das cidades, integrando intervenções urbanas e espaços públicos para os pequenos e seus cuidadores, além de acesso aos serviços urbanos fundamentais. As cidades podem se tornar mais amigáveis com um planejamento de bairro e a criação de rotas estratégicas, entre outras ideias.

Os bebês e as crianças precisam de ambientes seguros e saudáveis para usufruir das cidades, onde os serviços básicos sejam de fácil acesso e o entorno seja estimulante e acessível, permitindo interações frequentes, afetuosas e responsivas com adultos carinhosos e que lhes ofereçam novas experiências.

Com o esforço de apoiar a criação de cidades para crianças, a Urban95 vem reunindo uma série de ferramentas e estratégias, que podem ser resumidas em três lições para as cidades:

  1. Design para cuidar: bebês e crianças pequenas não andam pelas cidades sozinhos, aqueles que cuidam deles decidem para onde ir e quanto tempo ficar. Esses cuidadores precisam se sentir seguros e confortáveis;
  2. A proximidade importa: o bom transporte público é importante, assim como caminhar com segurança, conforto e chegar com rapidez aonde você precisa ir;
  3. “Pense nos bebês” como um princípio universal de design: de uma perspectiva de design, a vulnerabilidade, a dependência e a forte vontade de explorar e brincar dos bebês e crianças significam que, se um espaço é seguro, limpo e interessante o suficiente para eles, é provável que seja bom para todos.

Construindo cidades para as crianças

O design e o planejamento urbano podem ajudar ou impedir o desenvolvimento dos bebês e das crianças pequenas

As cidades podem contribuir para tornar o percurso mais fácil e rápido para que famílias com carrinhos e crianças com suas perninhas ainda pequenas cheguem a destinos cotidianos. Recursos que permitam o explorar e o brincar nas paradas de ônibus tornam a espera mais fácil para as crianças e criam oportunidades valiosas de aprendizagem e interação social.

 Transformar espaços inutilizados ou degradados em jardins comunitários, pequenos parques ou parquinhos naturais é uma estratégia para disponibilizar mais espaços para que crianças brinquem e famílias se encontrem. Esses espaços podem permitir que bebês e crianças tenham acesso à natureza, fortalecendo o sentido de comunidade e melhorando a qualidade do ar e a consciência ambiental. Territórios que pensam a perspectiva de bebês, crianças pequenas e seus cuidadores são mais saudáveis, seguros e instigantes para todos.

Cidades mais verdes

Áreas verdes mitigam o impacto urbano e contribuem para o bem-estar das crianças e de seus cuidadores

Governos desempenham um papel crítico na criação e manutenção de parques e praças em zonas urbanas. Em uma cidade, áreas verdes numerosas, acessíveis e bem-localizadas mitigam o impacto de temperaturas extremas, da poluição do ar e de condições climáticas adversas sobre o bem-estar das crianças e de seus cuidadores. Políticas e sistemas sobre a redução das emissões de gás carbono, assim como a inclusão de áreas verdes nas leis de construção e zoneamento, também podem fazer a diferença. 

Cidades mais limpas

Crianças precisam de contato regular com a natureza e são mais vulneráveis à poluição 

É importante garantir a qualidade do ar de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) nas áreas em que crianças passam a maior parte do tempo, como creches, centros de saúde, escolas, ruas, parques, praças e parquinhos. Bebês e crianças são mais vulneráveis à poluição do ar do que crianças mais velhas e adultos, já que respiram uma quantidade maior de ar por quilo de peso corporal. A exposição regular à poluição afeta negativamente o desenvolvimento cognitivo e mental. 

Cidades mais seguras 

Reduzir o tráfego perto de serviços pode ajudar a melhorar a qualidade do ar e tornar mais seguro o trajeto de cuidadores e crianças pequenas

A altura das crianças pequenas as coloca constantemente perto do escapamento dos carros em movimento, e o trânsito também aumenta a probabilidade de colisões, de problemas de estacionamento, entre outras questões. Restrições de tráfego reduzem fatores estressantes, como barulho, poluição do ar e risco de colisões, liberam espaço para mais elementos naturais e podem contribuir para uma maior interação social ao oferecer mais espaços onde permanecer e descansar. 

O espaço liberado pelos carros pode gerar mais áreas de brincar ao ar livre perto de onde as famílias moram. Possíveis intervenções incluem redução dos limites de velocidade, planejamento de ruas que reduzam o espaço e a velocidade para os carros, criação de zonas exclusivas para pedestres e eventos temporários para defender a circulação de menos carros em nossas cidades. Ruas multimodais também têm demonstrado muitos benefícios para todos os habitantes da cidade.

Crédito: Cidade das Crianças, em Jundiaí (SP) / Crédito: Prefeitura da cidade.