Laboratórios de Formação da Primeira Infância em Recife
Para atualizar a formação de profissionais que lidam diretamente com crianças de 0 a 6 anos, e torná-los multiplicadores, a prefeitura de Recife (PE) criou os Laboratórios de Formação da Primeira Infância. “Nós temos muito o que investir na primeira infância, mas também precisamos investir no adulto que lida com essas crianças”, analisa Luciana Lima, secretária executiva da primeira infância da capital pernambucana, pasta que coordena os laboratórios. “A ideia é que profissionais de diversas áreas de atuação, como educação, saúde, segurança e assistência social, por exemplo, se capacitem para novas possibilidades de ações para o desenvolvimento infantil, inclusive com materiais do cotidiano e da natureza”, pontua.
São quatro laboratórios fixos e três itinerantes. Os fixos estão na Escola de Formação de Educadores Paulo Freire (inaugurado em 2021), no Centro de Referência de Primeira Infância de Recife — Criar — (inaugurado em 2022), no Compaz Paulo Freire (inaugurado em 2024) e no Compaz Leda Alves (inaugurado em 2024).
Já os itinerantes, em dois tamanhos, foram pensados para chegar a qualquer local da cidade. Montados em baús adaptados de caminhões, esses espaços possuem todo material necessário para as formações e comportam grupos de 15 a 35 pessoas. “O objetivo do itinerante é chegar com as formações dentro de um veículo, facilitando a logística, a mobilidade e fazendo com que a gente não precise centralizar serviços nem fazer grandes investimentos para descentralizar”, explica Luciana. Além das formações, os laboratórios itinerantes passaram a ser solicitados por universidades, organizações ou outras secretarias para receber oficinas para crianças em praças e em eventos — foi um viés que não tinha sido o objetivo inicial, mas tem sido bem-sucedido.

Todos os laboratórios, sejam fixos ou itinerantes, fazem parte da rede de capacitação e entram dentro de um calendário periódico com a distribuição de formações e de locais de implementação. A demanda é analisada e, logo após, decide-se se a ação será colocada em um laboratório fixo ou itinerante. Para formações maiores ou mais duradouras, há um planejamento semestral; já as menores são organizadas mensalmente.
O tempo de duração depende do tipo de formação. As oficinas curtas para crianças duram cerca de uma hora, as oficinas para adultos, de três a dez horas. Há, ainda, cursos de vinte a quarenta horas e os profissionalizantes, de quarenta a 120 horas.
Os cursos de carga maior podem durar de uma semana a quinze dias, e abordam temas como leitura, contação de histórias, interatividade com a natureza, cuidado, afeto, alimentação saudável, práticas familiares e importância do brincar, que formam um leque de possibilidades de temas abordados em cada formação.
Eles podem ser por adesão ou por carga obrigatória de formação. Para participar, os profissionais precisam se inscrever e, ao final, recebem um certificado.

Além da formação dos profissionais, os laboratórios estendem suas ações a familiares e cuidadores, para fortalecer a rede de cuidados com as crianças. O curso profissionalizante de brinquedista, por exemplo, já foi ofertado para servidores públicos e para cuidadores, como os beneficiários do programa Mãe Coruja Recife. “Algumas mães que participaram do curso de brinquedista foram contratadas para trabalhar em espaços de primeira infância”, conta Luciana.
- Temas abordados pelas formações
As formações acontecem em torno de temáticas diversas, sempre tendo o cuidado com a primeira infância como prioridade. Abaixo, alguns exemplos de temáticas apresentadas: - Desenvolvimento integral e integrado da criança
Apresenta o conceito de desenvolvimento integral e mostra como ações integradas e elaboradas intersetorialmente ajudam nesse desenvolvimento. - Os marcos do desenvolvimento infantil
Os profissionais são apresentados ao conceito de “marcos do desenvolvimento infantil”, isto é, faixas de idade em que geralmente as crianças adquirem habilidades específicas. - Neurociência e a infância
Aborda o impacto no desenvolvimento das crianças com a exposição ao estresse, ao racismo, ao uso das telas, entre outros temas. - Vínculo e autonomia
Traz os princípios do livre movimento, da autonomia para a descoberta do ambiente e interação com outras crianças, bem como do vínculo do bebê com o adulto para a construção de confiança. - Autocuidado: cuidar de si e cuidar do outro
Aborda o autoconhecimento e a construção das relações com o outro. Contempla as redes de apoio, seus enlaçamentos e vínculos que se formam dentro de determinados grupos e espaços e que impactam os indivíduos envolvidos. - Brincar
Aborda as possibilidades de tempo e espaços de brincar e sua interlocução no desenvolvimento integral da criança, bem como possibilita acessar a produção de conhecimento e cultura infantil e seus diferentes brincares. Trata do brincar na natureza e do desemparedamento da infância.
Laboratórios de Formação da Primeira Infância
Tempo de atuação: Desde 2021.
Objetivo: Ampliar conhecimentos e repertório sobre as temáticas da primeira infância, o desenvolvimento infantil e a intersetorialidade dessa política pública.
Público-alvo: Servidores e técnicos que trabalham com crianças de 0 a 6 anos, das áreas que participam do Comitê Intersetorial de Primeira Infância, além de cuidadores e sociedade civil em geral.
Secretarias envolvidas: Secretaria Municipal de Educação e Secretaria Executiva da Primeira Infância (Sepin).
Etapas percorridas: 1. Diagnóstico das necessidades formativas > 2. Desenvolvimento do projeto pedagógico > 3. Desenvolvimento de projeto físico do laboratório > 4. Seleção de mobiliários e materiais > 5. Interlocução com a Secretaria de Infraestrutura > 6. Certame e publicação do contrato > 7. Contratação de equipe > 8. Formação da equipe > 9. Desenvolvimento da grade de oficinas e cursos > 10. Monitoramento das atividades > 11. Avaliação de cada oficina/curso realizado > 12. Expansão dos Laboratórios para outros equipamentos > 13. Monitoramento e avaliação do programa.