Microparques naturalizados em Fortaleza
O LabiFor (Laboratório de Inovação de Fortaleza) trabalha projetos pilotos inovadores buscando atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Organização das Nações Unidas. Uma vez implementados e testados, esses projetos são expandidos pelas secretarias finalísticas. Neste sentido, buscando aumentar as áreas verdes da cidade, o LabiFor identificou, em 2020, lotes potenciais para transformação em espaços naturais ou áreas verdes para brincar, principalmente em zonas mais periféricas da cidade de Fortaleza (CE).

O microparque José Leon foi o pioneiro. Troncos, terra e folhas compõem os espaços naturalizados, enquanto desenhos coloridos de amarelinhas e um parquinho convencional com escorregadores e balanços equilibram a diversidade de propostas para as crianças. Há, ainda, equipamentos para públicos diversos, como mesas de xadrez, academia ao ar livre e equipamento de leitura.
Priorizamos terrenos próximos a escolas de educação infantil municipais. Conversamos com as diretoras para avaliar o interesse de engajamento, essencial na fase de escuta e de utilização dos espaços.
Luciana Lobo, secretária de Meio Ambiente de Fortaleza
O segundo microparque, o Seu Zequinha, tinha uma história de descarte de entulho de mais de cinquenta anos. Por isso, seu projeto incluiu a implementação de um ecoponto para tratar dos resíduos da área, o plantio de uma mata ciliar considerando o rio que passa pelo terreno, além da construção de brinquedos a partir de resíduos da poda urbana, com o processo de formação conduzido pelo Coletivo Taboa em conjunto com o LabiFor. Nos dois microparques, houve uma arborização intensa.
Licitação e projeto de novos microparques
O sucesso da experiência levou a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) a dar escala aos espaços verdes: um edital foi organizado em 2022 para a criação de trinta microparques, que variam de 800 a 3.900 m².
Em áreas maiores, é possível ter uma combinação maior de elementos. Em um dos novos microparques, por exemplo, as características locais favoreceram a criação de uma horta.
Os microparques de Fortaleza têm financiamento do Banco Mundial e, por isso, seguem um procedimento de licitação específico, em que a lei brasileira é utilizada de forma subsidiada. “Fizemos essa escolha para que a empresa licitada pudesse também auxiliar no desenho dos microparques, porque os detalhes de cada espaço só são conhecidos depois do processo participativo com as crianças e a comunidade”, explica Luciana Lobo, secretária de Meio Ambiente de Fortaleza.
Planta do Microparque José Leon, em Fortaleza (CE)

Estratégias de manutenção
Há uma série de estratégias a fim de garantir a manutenção dos trinta microparques. A empresa vencedora do processo de licitação para construção dos espaços tem também o compromisso de manter cada microparque por cinco meses após a entrega à população. Além disso, há um intenso trabalho social com cada comunidade em que os microparques são inseridos, para aproximar os técnicos dos usuários do equipamento, promover um diálogo transparente sobre o processo e consolidar a formação de Conselhos Gestores.
Outra iniciativa alinhada com o propósito da manutenção é o programa Juventude no Parque, financiado pelo Fundo do Meio Ambiente (Fundema). Esse programa é uma integração entre a Secretaria do Meio Ambiente e a Secretaria da Juventude, e oferece bolsas de formação a jovens estudantes da comunidade, sendo parte da carga horária destinada à manutenção dos parques.
O sucesso do projeto dos microparques é constatado por meio do uso intenso que os espaços inaugurados vêm apresentando, a satisfação relatada no depoimento dos moradores de seus entornos e por premiações internacionais, como o “AIPH Cidades Verdes2022” e 1º lugar do “Prêmio de Design Seul para a Sustentabilidade do Cotidiano 2023” (2023).
Microparques naturalizados
Tempo de desenvolvimento: 2020 (primeiro piloto) a dezembro de 2024.
Etapas percorridas: Projeto piloto: 1. Diagnóstico e seleção dos lotes > 2. Engajamento comunitário > 3. Processo participativo com crianças > 4. Infraestrutura dos lotes > 5. Implementação dos parques > 6. Avaliação. Ganho de escala: 1. Licitação > 2. Sensibilização e capacitação das equipes de implementação > 3. Envolvimento das escolas dos entornos > 4. Processo participativo > 5. Projeto > 6. Implementação > 7. Manutenção > 8. Avaliação > 9. Monitoramento.
Secretarias envolvidas: Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova), Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente, Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (URBFor), Secretaria Municipal da Educação, Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania, PAITT (Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito de Fortaleza).