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Boas práticas Espaços públicos e natureza
10.07.2025

Pátio escolar naturalizado em Benevides

O primeiro pátio naturalizado implementado em Benevides (PA) foi o do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Isaura de Queiroz, que teve consultoria do Coletivo Taboa e do Instituto Alana. O projeto começou com a sensibilização da comunidade escolar, incentivando-a a utilizar o pátio como um espaço educativo, além de falar sobre a importância do contato com a natureza e sobre medos que comumente aparecem, como o de a criança se machucar.

Um passo importante nessa fase é a observação do comportamento das crianças ao ar livre para entender seus interesses quando têm autonomia e estão em contato com elementos da natureza. Esse processo também funciona para incentivar os educadores a trazer a sua realidade ao ambiente pedagógico, reconhecendo características das suas vivências com a natureza.

Além da Secretaria de Educação, estiveram próximos ao projeto a Secretaria de Obras e de Meio Ambiente, assim como o Centro de Formação e Pesquisa. É a Secretaria de Meio Ambiente, afinal, a responsável pela gestão da poda no município, função essencial para a construção dos espaços naturalizados — pois a maioria dos materiais utilizados vem de podas da cidade ou de árvores caídas.

No CMEI Isaura de Queiroz, a equipe encontrou um solo que encharcava com muita facilidade, o que dificultava a arborização e criava muitas poças após as chuvas tradicionais da região. A solução foi focar em outras estratégias – uma delas foi a utilização de serragem para a criação de caminhos.

“Entender as intencionalidades do lugar nos ajuda a decidir sobre quais elementos e brincadeiras o pátio terá. Em Benevides, encontramos muitos troncos bifurcados de poda que, quando instalados juntos, lembraram as raízes aéreas dos mangues. Trouxemos, assim, referências visuais da região”, conta Guilherme Blauth, do Coletivo Taboa.

Outros elementos presentes foram a cozinha da floresta, a instalação de uma tapiri – uma construção coberta num formato conhecido da região, normalmente usada em vendas informais e que, na escola, proporcionou área sombreada e um palquinho –, além de um caminho de bolachas feitas de toras que ligam a entrada ao fundo da escola, onde está o pátio. Esse caminho levou a linguagem dos pátios naturalizados aos cuidadores – uma ideia que veio da Myrna Menezes, a gestora da escola, num convite aos pais que vinham buscar as crianças a entrar na unidade.

Isométrica do pátio no CMEI Isaura de Queiroz, com os principais brinquedos e espaços.
“Observamos as crianças para entender o que elas fazem quando podem escolher” – Julia Berro, do Coletivo Taboa

As crianças têm levado os conhecimentos adquiridos na escola para casa, ajudando os pais a reconhecer possibilidades de brincar e aprender de forma naturalizada. Isso faz com que a população enxergue o próprio quintal de casa como um mundo de possibilidades para a criança.

O plano é levar para os outros CMEI’s equipamentos naturalizados e fazer uma formação para os professores. Posteriormente, serão contempladas escolas em tempo integral, trazendo o contato com a natureza para o currículo dessas escolas. A terceira etapa será abordar as Escolas Municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental (EMEIF’s). A meta é implementar o desemparedamento e os espaços naturalizados em todas as 32 unidades de educação da cidade.

Pátios naturalizados

Tempo de desenvolvimento: Abril de 2023 a dezembro de 2024.

Etapas percorridas: 1. Sensibilização e capacitação das comunidades escolares > 2. Capacitação das equipes de implementação > 3. Implementação do projeto piloto > 4. Ampliação em fases: centros de educação infantil, escolas de educação integral e outras escolas municipais com educação infantil.

Secretarias envolvidas: Secretaria de Educação, de Obras e de Meio Ambiente e Centro de Formação e Pesquisa de Benevides.