Pauta das infâncias avança no debate ambiental durante a COP30
COP das Crianças é consolidada como iniciativa política durante a Conferência das Partes em BelémCrianças são a maior parte da população em muitos dos países mais expostos aos efeitos da crise climática e estão entre os grupos mais vulneráveis às mudanças do clima. Ondas de calor, enchentes, poluição, insegurança hídrica e outros eventos extremos afetam desproporcionalmente o bem-estar, o aprendizado, o brincar, o cuidado e a saúde física e emocional dos pequenos, especialmente nos primeiros anos de vida.
Apesar disso, historicamente, a pauta da infância ainda é pouco considerada nas decisões da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Aos poucos, no entanto, vem abrindo espaço no debate climático internacional — especialmente antes e durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em novembro em Belém (PA).
Crianças nas COPs
Pela primeira vez na história das COPs, as infâncias participaram como protagonistas de debates, compromissos e iniciativas que reforçam a urgência de colocá-las no centro das discussões. Neste ano, 170 crianças foram credenciadas por parceiros da Presidência da COP30. Além disso, elas foram citadas em documentos finais da conferência com uma abrangência inédita.
Durante o evento, o Instituto Alana lançou a Declaração da COP das Crianças, documento que consolida e institucionaliza a COP das Crianças como iniciativa política e pedagógica. A declaração estabelece princípios, compromissos e diretrizes para que contribuições infantis orientem políticas de adaptação, mitigação e financiamento.
Ainda na Conferência das Partes, uma carta redigida coletivamente foi entregue pela Rede Nacional Primeira Infância (RNPI) à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendendo que crianças de 0 a 6 anos, assim como seus pais e cuidadores, também sejam colocadas no centro das decisões e ações relacionadas ao clima.
O documento recomenda ações de prevenção e proteção frente a desastres, integração intersetorial entre saúde, educação, proteção e cuidados responsivos, além de maior engajamento entre governo, sociedade civil e setor privado. Propõe também investimentos em infraestrutura urbana e rural mais segura, a garantia do direito ao brincar na natureza e a incorporação de medidas de adaptação e mitigação nas políticas públicas voltadas à primeira infância.
Crianças nas COPs
A presença ampliada das crianças na COP30 é parte de uma mudança que vem sendo construída ao longo de anos de mobilização e construção coletiva. Observe a evolução do tema na linha do tempo:
Escolas Verdes para cidades resilientes na COP30
Cidade-sede da COP30, Belém passou a integrar a Rede Urban95 este ano e vem recebendo consultoria e apoio para qualificar as equipes técnicas e para implementar espaços públicos e programas voltados à primeira infância, como o Escolas verdes para cidades resilientes: a arquitetura como ferramenta de adaptação e justiça climática, projeto apresentado no Pavilhão CAU da COP30 como referência de soluções baseadas na natureza aplicadas ao ambiente escolar.
O objetivo do projeto, desenvolvido pela Fundação Van Leer, por meio da iniciativa Urban95, em parceria com o Ateliê Navio e a Prefeitura de Belém, é implementar espaços naturalizados de aprendizagem e brincadeira em escolas de educação infantil, cocriados com as próprias crianças e utilizando elementos naturais dos próprios territórios.
A gente acredita que trazer áreas verdes para dentro de pátios e áreas escolares não só impacta positivamente o desenvolvimento integral da criança, mas também é uma estratégia importante de resiliência climática para as cidades.
Marina Arilha, coordenadora de programas da Fundação van Leer
A COP das Crianças
A COP das Crianças, um movimento protagonizado pelo Instituto Alana, formalizou a participação infantil na agenda climática, reunindo suas contribuições em eventos como escutas territoriais e atividades educativas para sistematizar percepções infantis sobre clima, território e bem-estar e fortalecer políticas e ações de adaptação, educação climática, proteção e justiça intergeracional.
De norte a sul do país, cidades da Urban95 protagonizaram ações que colocam a primeira infância no centro das ações climáticas
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