Praças da Infância, Recife (PE)
As Praças da Infância constavam no plano de governo do atual prefeito de Recife entre os investimentos para a primeira infância, com a visão de criar ou requalificar praças pela cidade, proporcionando a todas as crianças a oportunidade de brincar em espaços próximos às suas casas. Para tornar as praças realidade, formou-se um grupo de trabalho intersetorial, liderado pelo gabinete da vice-prefeitura junto com as secretarias municipais e cocoordenado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (Aries).
O primeiro passo foi mapear as praças que precisavam de reabilitação e os espaços subutilizados que poderiam se transformar em praças, distribuindo as intervenções de maneira equilibrada pelos territórios. Nesse momento, a parceria com a Urban95 foi estabelecida, e o Estúdio +1 tornou-se parceiro técnico para desenvolver a primeira praça e criar um guia para orientar a construção dos outros espaços.
Praças P, M e G
As equipes municipais trabalharam em conjunto desde o início, definindo os locais das praças, as abordagens, o desenvolvimento de projetos, a apresentação à comunidade, a construção e a manutenção pós-entrega. No desenho das praças, por exemplo, a prefeitura sugeriu integrar elementos naturais, ao que o Estúdio +1 adicionou camadas culturais e de encontros, optando pelo formato de círculo como base das propostas. Os círculos, aliás, são o que mantém a identidade do projeto, mesmo em praças com topografias ou vegetação diferentes. É um elemento que vem das cirandas, das rodas de conversa e da contação de histórias, e passou a ser a forma básica na organização e no dimensionamento dos espaços. A composição entre diversos círculos permite combinações que criam diversidade de áreas e de acabamentos, incentivando a interação.
Para atender a uma variedade de lotes, considerando dimensão física, inserção urbana e relações entre espaços, o guia para a implementação das Praças da Infância propõe uma classificação desses círculos por tamanho (P, M ou G) e por conteúdo (elementos ligados à água, à arborização e a descanso). Essa classificação ajuda a selecionar os elementos que serão aplicados em cada praça.
Projeto piloto
Localizada no bairro da Encruzilhada, vizinha de um mercado público e com vinte instituições educacionais num raio de 500 m, a praça Dom Miguel Valverde foi selecionada para ser o projeto piloto das Praças da Infância em Recife.
As escutas e as observações dos usuários e vizinhos da praça – incluindo crianças de uma escola de educação infantil na quadra ao lado – foram metodologias utilizadas para um primeiro diagnóstico. Descobriu-se que o espaço era bastante utilizado por caminhoneiros que realizam fretes para o mercado, e por usuários de drogas. Os caminhões foram realocados para outro espaço e, com a requalificação da praça e o aumento do uso por crianças, os usuários de drogas não estão mais por ali.
As atividades propostas no projeto da primeira Praça da Infância incentivam a exploração de diferentes ambientes, em diferentes níveis. Um caminho estruturante liga o trecho próximo a um grande baobá com a área interna da praça, com atividades e desafios concentrados em três círculos, com objetivos distintos: propiciar o contato próximo entre as árvores e as crianças, formando um espaço de encontro e de sombra; trazer brinquedos que aproveitam o relevo e promovem o contato com o solo e com os desníveis; criar um lugar de encontro, aproveitando uma clareira existente.
Até o fim de 2024, a meta é entregar onze Praças da Infância. Luciana Lima, secretária executiva da Primeira Infância do Recife, relata que o Guia de princípios para remodelação das praças para infância em Recife e o sucesso da primeira Praça da Infância estimularam outras praças fora do programa a buscar melhorias. A Secretaria de Infraestrutura, por exemplo, planeja obras em 120 praças em 2024, com inspiração nos trabalhos desenvolvidos com foco na primeira infância.
Processo de licitação
Débora Feijó, da Secretaria Executiva de Infraestrutura, conta que o processo de licitação foi pensado para atender às especificidades propostas pelo guia.
A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emurb) aproveitou que era preciso fazer um novo contrato de manutenção e requalificação dos parques, e optou por licitar separadamente, com um contrato único, a praça Dom Miguel Valverde, tendo como base o projeto do novo guia de praças. Após a licitação e construção, a praça passou a ser um modelo para ser replicado no orçamento para as próximas Praças da Infância.
Com o tempo, brinquedos e mobiliários que precisam de cuidados específicos foram separados do contrato geral para que fosse possível especificá-los de acordo com os conceitos que norteiam as Praças da Infância. Hoje, as licitações das praças têm diversos elementos que saem do escopo generalista. Assim, a manutenção e a requalificação da infraestrutura são contratadas separadamente dos equipamentos, dos brinquedos e dos pisos que saem do padrão.
As Praças da Infância de Recife são divididas em três zonas:

- Zona prioritária
Áreas de protagonismo das crianças e cuidadores, que têm liberdade e conforto total, nas quais o foco é a interação entre as crianças e o meio. - Zona de integração
Onde crianças e adultos interagem, mesclando atividades. Aqui, o convívio harmonioso é regra básica. - Zona de cuidado
Abrange o entorno das praças, considerando segurança viária, transporte, acesso à praça e diálogo com a cidade, além de suas relações com outras áreas verdes e elementos do entorno.
Praças da Infância
Tempo de desenvolvimento: Desde agosto de 2021.
Inauguração da primeira praça: Março de 2023.
Etapas percorridas: 1. Diagnóstico das praças do Recife > 2. Desenvolvimento da identidade e comunicação visual > 3. Seleção da primeira Praça da Infância > 4. Ação social > 5. Desenvolvimento do desenho urbano das Praças Tipo (P, M e G) > 6. Desenvolvimento do Manual de Aplicação da Identidade Visual > 7. Obras > 8. Avaliação > 9. Monitoramento > 10. Escala.
Secretarias envolvidas: Gabinete da vice-prefeita, Secretaria de Governo e Participação Social, Gabinete do Centro, Secretaria de Infraestrutura, Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), Gabinete de Projetos Especiais, Secretaria Executiva de Inovação Urbana, Secretaria da Educação, Secretaria Executiva da Primeira Infância. Coordenação compartilhada com a Agência Recife para Inovação e Estratégia (Aries).