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30.01.2025

Salvador prioriza diversidade com primeira bebeteca antirracista da Rede

A Bebeteca Antirracista Curumim, na Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Periperi, é um espaço criado para aproximar bebês e crianças da leitura com foco no letramento racial

Salvador (BA) deu um passo pioneiro na promoção da equidade desde a primeira infância, com a inauguração da Bebeteca Antirracista Curumim, na Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Periperi, na região do Subúrbio Ferroviário. Este é o primeiro espaço criado por uma cidade da Rede Urban95 voltado exclusivamente para aproximar bebês e crianças da leitura com foco no letramento racial.

Com uma proposta inédita, a Bebeteca Antirracista Curumim valoriza as culturas indígena e afro-brasileira, promovendo a equidade e o fortalecimento da identidade desde os primeiros anos de vida. O acervo conta com mais de 300 livros, em sua maioria escritos por autores negros, doados pela Fundação Gregório de Mattos.

O espaço foi pensado para ser acessível e acolhedor, com mobiliário na altura das crianças para estimular a autonomia delas, brinquedos de pano e de madeira, decoração que traz elementos da cultura da região, e instrumentos musicais como atabaques, pandeiros e berimbaus. A bebeteca se conecta a uma área externa verde, que conta com redes e brinquedos naturalizados.

A bebeteca atenderá os 180 alunos da unidade e ficará aberta para as demais crianças das escolas municipais e seus cuidadores. Na inauguração do espaço, em dezembro de 2024, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, ressaltou que o espaço será importante para que as crianças valorizem suas origens, sua potência e sua força.

A primeira infância é uma das fases mais importantes da vida do ser humano. É quando a gente começa a formar os nossos princípios, os nossos valores.

O projeto contou com a consultoria da Urban95, por meio do CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular para sua realização, e incluiu uma formação sobre mediação de leitura em bebetecas com a equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Antirracismo na escola e na comunidade

O desenvolvimento da Bebeteca Antirracista Curumim começou com uma pesquisa interna, envolvendo tanto a equipe escolar quanto as famílias das crianças atendidas pela creche. Os dados revelaram que 30% dos entrevistados já havia presenciado episódios de racismo, como a resistência de algumas crianças em interagir com colegas negros, comentários pejorativos e rejeição a brinquedos que representam essa identidade.

Como resposta a esses desafios, a Bebeteca Antirracista foi criada com o objetivo de promover práticas pedagógicas voltadas para o combate ao racismo e a valorização das raízes culturais desde a primeira infância. Segundo a coordenadora do Núcleo Especial de Apoio à Primeira Infância (NEAPI), Simone Café, a seleção do acervo foi feita para possibilitar múltiplas formas de exploração da história, ancestralidade, autoestima e valorização cultural. A coordenadora destaca que a iniciativa proporciona aos educadores oportunidades de formação continuada e incentiva a criação de contextos investigativos com perspectiva antirracista.

Além de atender os pequenos da creche, o projeto também envolverá as famílias, que serão convidadas a explorar o espaço tanto individualmente quanto acompanhadas de suas crianças. “A bebeteca também estará aberta para crianças das escolas municipais e seus cuidadores, ampliando seu alcance e impacto na comunidade”, afirma Simone.

Ampliação da iniciativa

Com a inauguração da Curumim, Salvador inicia um movimento que irá se expandir para outras unidades escolares da rede municipal. O secretário de Educação, Thiago Dantas, destacou:

Esse espaço foi selecionado porque tinha as condições adequadas para receber esse equipamento, mas é uma proposta que tem grande potencialidade de se tornar uma ação de toda a rede, em especial no segmento da primeira infância. É algo crucial para, desde cedo, fortalecer as questões de identidade, fortalecer essa ideia a respeito da necessidade de respeitar e de valorizar as questões de letramento racial.

Além disso, ao promover práticas antirracistas desde a primeira infância, o projeto pode servir como modelo para outras cidades. “A bebeteca tem o potencial de deixar um legado transformador para Salvador e o Brasil, ao criar um espaço que promove equidade, respeito e valorização da diversidade”, conclui Simone.