Universidades e gestão pública: boas práticas atestam que a parceria pode gerar melhorias para crianças e suas famílias

20/06/2022 Blog, Boas práticas

Estão abertas as inscrições estão para o Prêmio Ciência Pela Primeira Infância, que vai identificar e reconhecer pesquisadores e pesquisadoras que tenham foco em temáticas da primeira infância. Saiba mais aqui.

Municípios com características também bastante diversas comemoram resultados positivos a partir de iniciativas bem-sucedidas entre a comunidade acadêmica e o setor público. Conheça algumas boas práticas que a Urban95 apoia nas diferentes regiões do país:

NINAPI (Núcleo de Investigação em Neuropsicologia, Afetividade, Aprendizagem e Primeira Infância) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

Vinculado ao Departamento de Educação da UFRPE, o NINAPI se ancora no tripé pesquisa, ensino e extensão. Embora tenha se instituído como grupo de pesquisa formalmente no ano de 2015, o início das nossas pesquisas com essa temática teve início durante o início dos anos 2000, com os trabalhos de dissertação e tese, que sempre articularam as temáticas da afetividade, cognição e primeira infância. Foi em 2008 que as Neurociências começaram a fazer parte da história e passaram a constituir o DNA enquanto grupo de pesquisa. Além de pesquisas, promovem a formação de profissionais envolvidos com a primeira infância em diferentes contextos (escola, família e casas de acolhimento), bem como com a elaboração de materiais didáticos e produções científicas sobre a primeira infância, articulada também aos contextos de vulnerabilidade e educação inclusiva.

“O conhecimento construído pelos pesquisadores em seus estudos sobre a primeira infância pode contribuir de diversas maneiras, tanto para identificar que aspectos sobre a primeira infância precisam ser contemplados com mais urgência pelas políticas públicas, por exemplo, como também podem ajudar no monitoramento e avaliação dos impactos que tais políticas estão tendo na primeira infância em determinada região”, analisa Pompéia Villachan-Lyra, coordenadora geral do NIINAPI.

Segundo ela, são fundamentais iniciativas como o Prêmio Ciência pela Primeira Infância, já que o Brasil é um país de dimensões continentais e que ainda temos um cenário bem desigual no que diz respeito ao investimento de recursos em pesquisa: “Entendemos que esta pode ser mais uma iniciativa no sentido de criar e fortalecer uma rede de compartilhamento de conhecimentos entre as instituições de ensino e pesquisa e seus pesquisadores em primeira infância, permitindo que aqueles que elegem o desenvolvimento infantil como objeto de estudo possam divulgar os seus estudos que mostram diferentes recortes sobre as diferentes primeiras infâncias que temos em nosso país”.

 

Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS) – Instituição Parceira da Primeira Infância

Em 2018,  a UNIFENAS fez adesão ao Programa Instituição Parceira da Primeira Infância, uma iniciativa da ANUP (Associação Nacional das Universidades Particulares). O programa é conduzido pela ANUP Social, braço de responsabilidade social e sustentabilidade da Associação, e que tem como objetivo oferecer apoio para que as Instituições de Ensino Superior fortaleçam as suas ações sociais, em especial em áreas que estejam relacionadas ao desenvolvimento humano e à preparação do indivíduo para a permanente aquisição de competências, conhecimentos e habilidades.

Rogério Ramos do Prado, professor e gestor na UNIFENAS, conta que na cidade de Alfenas (MG) iniciou-se de forma colaborativa e participativa a construção do Plano Municipal da Primeira Infância em 18 de maio de 2020. E que a comissão responsável pelo plano já contava com a participação do setor acadêmico. “Graças à parceria entre a UNIFENAS e o Município de Alfenas foi possível realizar diversas audiências públicas temáticas para a elaboração do Plano Municipal da Primeira Infância, que encontra-se em andamento. Entendo que os municípios precisam demandar as Instituições de Ensino Superior de sua cidade ou estado na busca de soluções para os principais problemas da Primeira Infância. As IES podem e devem elaborar diagnósticos, planos municipais estratégicos, programas e projetos de extensão, cursos de capacitação, podem envolver docentes e discentes nas diversas atividades de interesse da Primeira Infância”, avalia Prado. 

O professor relata ainda que, em Alfenas, graças às atividades de ensino, pesquisa e extensão da UNIFENAS, muitas ações são realizadas em favor da Primeira Infância no município: “Entendo que esta experiência de integração Universidade e Poder Público Municipal realizada em Alfenas, se devidamente divulgada e levada ao conhecimento de outros municípios, pode contribuir de forma significativa para inspirar ações acadêmicas em outras Universidades do nosso País”.

 

Observatório da Infância e da Adolescência (OIA) da Unicamp

O Observatório da Infância e Adolescência da Unicamp (OIA) surgiu a partir da elaboração do Plano Municipal para a primeira Infância de Campinas, conhecido como PIC.  O Plano possui 12 eixos temáticos e a perspectiva da existência de um observatório já aparece no primeiro eixo do plano: “A família e a comunidade da criança”.  Em 2018, o Núcleo de Políticas Públicas (NEPP) da Unicamp foi convidado para participar da construção dos eixos e das propostas do plano e elaborar o diagnóstico social da primeira infância para a cidade, documento que apoia o plano.

Dentre os membros do comitê intersetorial para elaboração do PIC, participaram pesquisadores da UNICAMP, que constituíram o embrião do Observatório. Assim, o Oia nasce a partir do PIC e hoje está ancorado no Nepp.  Atualmente o Observatório conta com a colaboração de profissionais tanto da universidade com professores, pesquisadores, estudantes de várias unidades, quanto do poder público e de representantes da sociedade civil envolvidos com os temas da infância e da adolescência. 

Stella Silva Telles, pesquisadora do Nepp e coordenadora do OIA, conta que o objetivo do Observatório é atuar em pesquisas e em atividades de extensão relacionadas às políticas públicas para a infância e a adolescência, estabelecendo-se como um espaço coletivo de diálogo interdisciplinar. As atividades do Oia concentram-se em estudos e pesquisas (como avaliações e monitoramento das políticas e diagnósticos intersetoriais), mas também na contribuição para a formação de profissionais, estudantes e interessados nos temas referentes à infância e à adolescência. 

“Trabalhar com a intersetorialidade das políticas é um ponto importante por acreditarmos ser este um fator estruturante para a efetivação da política pública de cuidado integral para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. Por outro lado, a intersetorialidade é um desafio para as políticas sociais, pois os setores ainda dialogam pouco”, avalia.

A pesquisadora relata ainda que, atualmente, estão sendo desenvolvidos: a atualização do diagnóstico social da Primeira Infância de Campinas, um projeto que avalia melhorias na primeira infância derivadas de ações de intervenção comunitária para prevenção da obesidade infantil e um projeto com as escolas para reconhecimento da paternidade de estudantes de áreas vulneráveis. Para março de 2023 está prevista a realização do Simpósio Internacional de Acolhimento Familiar na forma presencial na Unicamp.