A relação entre os bebês e crianças pequenas com seus cuidadores tem uma grande influência em todas as esferas de seu desenvolvimento. Em um período em que os cérebros se desenvolvem mais rapidamente do que nunca, as experiências vividas têm um impacto profundo e duradouro sobre a saúde e capacidade de aprender e de se relacionar. As experiências vividas durante esse período moldam permanentemente nossos cérebros, com marcas para o resto da vida adulta.
Os cuidadores são responsáveis pela segurança e saúde das crianças, assim como por sua alimentação, acesso a serviços de saúde e educação. As experiências e cuidados oferecidos pelos pais e cuidadores são a base de oportunidades para o desenvolvimento dos bebês, razão pela qual é tão importante que esses adultos recebam apoio material e comunitário, orientação adequada e tenham acesso a todos os direitos e serviços de que necessitam para oferecer as melhores oportunidades às crianças, em um ambiente estável, saudável e estimulante.
Estudos mostram que um cuidado afetuoso, estimulante e responsivo é um dos melhores indicadores de que essas crianças serão bem-sucedidas na escola e adultos mais felizes e bem-sucedidos. Sabemos, por outro lado, que crianças que passam por uma sequência de situações de estresse, negligência ou violência de diversas formas durante a primeira infância têm comprometimentos perenes em sua estrutura cerebral e de relações interpessoais. Condições como a depressão materna, que afeta hoje 13% das novas mães em todo o mundo e 20% daquelas que vivem em países de renda baixa, atrapalha o vínculo entre mãe e filho e tem efeitos negativos sobre seu desenvolvimento.
Práticas parentais negativas e o desenvolvimento na primeira infância
Mães, pais e cuidadores têm demandas específicas na cidade
Castigos físicos e psicológicos são particularmente prejudiciais para bebês e crianças pequenas devido a seu maior potencial para lesões físicas, à incapacidade da criança entender a motivação por trás do ato e à falta de ferramentas cognitivas para compreensão. Sabemos também que, em situações de vulnerabilidade, os cuidadores têm mais dificuldade em oferecer as melhores condições para os bebês e crianças, material e emocionalmente, razão pela qual é importante investir em políticas de atenção integral aos bebês, crianças pequenas e suas famílias.
As práticas parentais negativas incluem dificuldade em relações responsivas, boa interação com os filhos e atenção à necessidade de serviços médicos, educativos e de assistência. Crianças cujos cuidadores sofrem de alguma doença mental têm um risco maior de atrasos no desenvolvimento, assim como problemas de saúde mental e social na vida adulta. Embora a maior parte das pesquisas tenha se concentrado no papel da saúde mental das mães, há fortes evidências que enfatizam a influência dos pais e de outros cuidadores primários.
O entorno físico também é um fator que afeta a saúde mental dos cuidadores, como a percepção de segurança e a oferta de espaços públicos confortáveis, os níveis de ruído, calor e qualidade do ar nas cidades, além da oferta de áreas verdes e opções de lazer. Os planejadores urbanos e gestores públicos podem contribuir para os cuidadores de bebês e crianças pequenas ao incluir a pauta da acessibilidade, segurança e oferta de espaços de convivência familiar nos projetos das cidades, incentivando experiências mais agradáveis e que diminuam o estresse cotidiano.
Praças, parques e áreas de descanso ao longo das rotas caminháveis, a implementação de calçadas largas e travessias de pedestre são alguns exemplos de intervenções urbanas que ajudam os pais e cuidadores a se sentirem mais seguros nos espaços públicos, incentivando sua presença com crianças.