Não é novidade que os primeiros anos de vida de uma pessoa é o período no qual o cérebro mais se desenvolve. O que acontece e aprendemos durante a primeira infância tem impacto pelo resto da vida. E o que mais contribui para um bom desenvolvimento da criança nesse período são interações positivas com seus cuidadores, além das experiências vividas.
Contato com a natureza, oportunidade de conhecer e explorar os movimentos do próprio corpo, troca de olhares, contatos físicos cuidadosos são alguns dos fatores que podem fazer toda a diferença. O fortalecimento de vínculos entre cuidadores e a criança é benéfico para ambas as partes.
Além dos cuidados básicos de sobrevivência, como nutrição adequada e higiene, a qualidade e a continuidade da interação da criança com outras pessoas e com o ambiente em que vive contribuem para o bom desenvolvimento. O descuido desses aspectos pode fazer com que ligações entre os neurônios deixem de acontecer, o que significa um impacto negativo direto no potencial de aprender e se desenvolver da criança.
Embora seja comprovado que o cérebro humano é plástico e possibilita aprendizados durante toda a vida, as experiências vividas durante a primeira infância têm um papel de grande importância na capacidade de aprender, de se adaptar e de lidar com situações difíceis durante toda a vida.
As interações e o espaço da criança
Interações positivas são as que fortalecem o vínculo, que evidenciam o cuidado, que oportunizam a exploração do ambiente e dos cinco sentidos. Cantar, ler um livro, brincar com elementos da natureza, olhar nos olhos, conversar são ações aparentemente pequenas, mas que podem ser um diferencial para o desenvolvimento da criança.
Embora muitas vezes a criança demande espaço e tempo para fazer suas descobertas sozinha, a presença de um cuidador, alguém que fique próximo e sem interferir diretamente, também é importante. A presença pode ser uma forma de interação. Dar à criança a oportunidade de criar sua própria brincadeira, de explorar os movimentos do seu corpo, de descobrir o ambiente ao seu redor de forma segura estando próximo, como observador.
O vínculo e o afeto são construídos, também, nesses momentos. A confiança para a criança fazer tudo isso acontece pela segurança transmitida por seus cuidadores. A presença, seja com interação direta ou mais passiva, é imprescindível.
Dia a dia
Na rotina diária, conversar e contar o que está acontecendo, ou o que vai acontecer, também são interações relevantes. Incluir a criança na rotina da casa, respeitando os limites de cada idade e cada fase, contribui para a construção de vínculo não só com os cuidadores, mas também com o ambiente.
Ou seja, participar ou, ao menos, observar a preparação da comida, das rotinas de cuidado com a casa, além de realizar algumas ações cotidianas junto, como, por exemplo, lavar as mãos e escovar os dentes. A criança costuma se espelhar em outras pessoas, por isso fazer com ela os hábitos do dia a dia também é uma forma de criar vínculo e referência.