Fortaleza aposta em busca escolar ativa para recuperar defasagem causada pela pandemia

A evasão escolar é um dos grandes entraves para a conquista de bons indicadores nos sistemas públicos de ensino no Brasil. Por inúmeros fatores, ainda há crianças e adolescentes que acabam abandonando os estudos e, consequentemente, comprometendo o futuro profissional deles e das próximas gerações, piorando a qualidade de vida das famílias. 

Pensando nisso, a capital do Ceará, Fortaleza, implantou o Sistema de Busca Ativa, com o objetivo de erradicar a evasão escolar na cidade. O programa usa uma estratégia própria, com monitoramento em tempo real, para acompanhar 100% a frequência escolar dos estudantes da capital.

A Secretaria Municipal de Educação lembra que, segundo o Censo Escolar, de 2008 a 2018 o abandono no ensino fundamental na cidade caiu 93,8%, atingindo índice de apenas 0,4% em 2019.

O Busca Ativa tem metodologia desenvolvida pelos próprios funcionários da secretaria e atua em tempo real, permitindo proteger o tempo escolar das crianças, diminuindo as faltas e combatendo o abandono escolar. Atua envolvendo as secretarias municipais de Saúde, de Direitos Humanos e do Desenvolvimento Social e a Secretaria Estadual da Educação.

O acompanhamento vai do infantil I à Educação de Jovens e Adultos e prevê comunicações com a família ou com o aluno maior de idade, incluindo até a visita domiciliar e o acionamento do Conselho Tutelar, se necessário.

O método prevê qualificar gestores e técnicos nas escolas para sua aplicação. Além disso, uma equipe presta suporte aos estabelecimentos. Cada distrito tem um articulador e seis agentes dedicados ao programa. 

Alunos da rede pública de Fortaleza utilizam o laboratório de informática. Crédito: Prefeitura de Fortaleza

Durante a pandemia, o programa mudou suas características e passou a monitorar a frequência dos alunos às aulas virtuais.

O programa foi lançado em 2017, mas teve um importante impulso em 2021, com o Pacote Volta às Aulas, com a intenção de apoiar os alunos na volta às aulas pós-covid. Agora, conta com 1.300 agentes escolares distribuídos pelas regiões, possibilitando um melhor rastreio e acompanhamento da frequência.

“Temos conseguido promover diariamente mais de 20 mil atendimentos aos estudantes. Vamos atrás de cada um e tentamos trazê-los de volta à escola. Isso tem sido muito relevante para que a gente possa recuperar o processo de aprendizagem dos nossos alunos depois de um período tão difícil quanto esse que passamos”, afirma Dalila Saldanha, secretária municipal de Educação da capital.