Uma jornada sobre o poder da leitura para bebês e crianças de até três anos: assim foi o curso “Me Conta uma História”, ministrado pela consultora Urban95 pelo CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular, Vasti Marques, que capacitou cerca de 60 pessoas em nove cidades da Rede. Participaram profissionais de educação infantil e de equipamentos da assistência social frequentados por crianças de Alcinópolis (MS), Benevides (PA), Caruaru (PE), Cascavel (PR), Crato (CE), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Com encontros online e a execução de projetos nos territórios, a formação reforçou a importância da mediação da leitura, especialmente no cotidiano das bebetecas, e sensibilizou as equipes das cidades sobre as janelas de oportunidade de desenvolvimento na primeiríssima infância.
Os participantes tiveram cinco encontros online, entre março e maio de 2025, e seguiram o conteúdo do curso Leitura para Bebês, desenvolvido pela Nova Escola em parceria com o Itaú Social. Os encontros foram espaços de troca, escuta e aprofundamento sobre temas como critérios para a escolha de livros, planejamento de boas situações de leitura, preparação do ambiente, construção de um acervo literário de qualidade, entre outros.
Em paralelo, os grupos das cidades realizaram atividades de mediação de leitura com bebês e crianças bem pequenas em suas bebetecas e apresentaram as iniciativas no encontro final.
Leitura para a primeiríssima infância na prática
Caruaru (PE) encantou ao realizar uma ação com um livro autoral intitulado “Que festa é essa?”, inspirado nas festas de São João. A obra aborda o vestuário típico, comidas tradicionais, danças, instrumentos musicais e outros elementos da cultura local.
Crato (CE) transformou sua bebeteca em um cenário lúdico, imergindo as crianças na história contada: uma galinha, um cachorro, um urso, um coelho e até uma garota saindo de uma torre: todos em busca de um bolo!
Salvador (BA) celebrou a identidade negra na Bebeteca Antirracista Curumim, primeiro espaço de uma cidade da Rede Urban95 voltado à aproximação de bebês e crianças da leitura com foco no letramento racial. Os pequenos capricharam na arrumação dos próprios cabelos para mergulhar na contação do livro “Meu crespo é de rainha”.
Bebeteca não é brinquedoteca
Finalizado em maio, o curso ampliou o repertório técnico dos profissionais que atuam em bebetecas e reforçou a certeza de que bebês e crianças pequenas são leitoras, têm direito à cultura e precisam de espaços planejados para isso. A pesquisa de avaliação da formação mostrou que 82% dos participantes se sentiam mais preparados para planejar situações de leitura e contação.
Vasti reforça que é preciso superar a ideia de que bebês “não entendem” histórias e que é urgente ver a leitura como um direito e um estímulo essencial desde o colo. “O curso mostrou essa relevância da leitura, especialmente nos ambientes de bebetecas, que muitas vezes se confundem com as brinquedotecas”, afirmou.
Afinal, uma bebeteca não é um espaço físico para deixar os pequenos. Ela deve ser um ambiente com propostas bem pensadas, com intencionalidade pedagógica e oportunidades reais de aprendizagem e afeto por meio dos livros.