Coletar dados sobre crianças pequenas e seus cuidadores em cada bairro e usá-los para melhorar a alocação de recursos e facilitar a coordenação entre os diferentes setores.
Com dados em mãos, gestores podem melhorar a alocação de recursos, a governança e a integração de ações que beneficiem a experiência das crianças pequenas e seus cuidadores nas cidades.
A Urban95 acredita que a coleta de dados, a identificação de padrões e a análise de informações locais podem apoiar a gestão pública e a sociedade na construção de boas políticas públicas voltadas para a primeira infância. As administrações locais, por sua vez, dispõem de cada vez mais dados para decidir como fornecer serviços urbanos mais eficientes e fortalecer as relações com as populações a que atende.
Uma iniciativa que se baseia em dados disponibiliza informações de qualidade às pessoas certas e no momento adequado para o planejamento público, para que os líderes possam agir com parâmetros objetivos e aprimorar suas ações.
Por que dados?
Dados são muito mais do que números, tendo o poder de invocar conversas decisivas sobre desigualdades territoriais, temas de prioridade para a população e a distribuição dos orçamentos, entre outros.
Uma boa governança baseada em dados pode direcionar os esforços locais para atender à população mais vulnerável do município e sinalizar alertas de risco, garantindo o atendimento integral das crianças, sem deixar ninguém para trás.
Valorizando escolhas apoiadas em informações verificáveis e consistentes, podemos avançar na direção de cidades mais democráticas, acessíveis e seguras para os bebês, crianças e todos nós.
Transparência e dados abertos
Uma das estratégias aplicadas pelas cidades para a boa gestão dos dados é o desenvolvimento de um sistema ou plataforma que reúne números e indicadores locais, de forma que possam ser monitorados por gestores e comunidade.
É importante reforçar a presença constante e a vigilância da sociedade civil sobre a produção e análise dos dados, garantindo que políticas e programas desenvolvidos nas cidades estejam atendendo às suas demandas e prioridades.
Uma ferramenta para compartilhar dados em um formato acessível pode ser usada para chamar a atenção das pessoas para a necessidade de mudança, avaliar os progressos, promover o aprendizado, a responsabilização e comunicar informações.
Dados abertos e primeira infância
São muitos os benefícios do uso de dados para fortalecer as políticas favoráveis à infância. Eles ajudam as cidades a priorizarem políticas e programas, encorajar a colaboração interna, fortalecer a voz das crianças e informar as decisões públicas sobre investimentos e o planejamento.
Permitem que a gestão dedique sua atenção a objetivos específicos e, quando publicados abertamente, também promovem transparência e responsabilidade social.
Políticas para uma cidade das crianças
Sem dados completos, oportunos e precisos, é limitada a capacidade dos gestores de fazerem escolhas bem embasadas. Por outro lado, a tomada de decisão bem informada pode elevar os níveis de precisão das estratégias da gestão, gerando resultados mais satisfatórios e consistentes.
Frente aos grandes desafios que cercam as cidades brasileiras, seu grande número e diversidade de características, apenas com dados territoriais precisos conseguiremos avançar no sentido da igualdade social, econômica e de oportunidades para nossas crianças.
Boas práticas em tomada de decisões baseada em dados
Conheça algumas ideias inspiradoras que cidades pelo mundo estão desenvolvendo para incluir o uso de dados no desenvolvimento de projetos e políticas locais que tenham bebês e crianças como foco.
- Nas cidades de Bogotá, Colômbia e Recife, no estado de Pernambuco, a “Zona Prioritária das Crianças” é um conceito experimental para medir e demonstrar melhorias no espaço público e na mobilidade de crianças pequenas pela cidade. A análise é feita a partir de uma área definida, usualmente em torno de uma creche ou centro comunitário. https://earlychildhoodmatters.online/2018/urban95-creating-cities-for-the-youngest-people/
- Como parte da iniciativa Istanbul95, a cidade desenvolveu um ‘atlas social’ usando os preços da moradia pela cidade como um indicador para a pobreza. A partir de um mapeamento das desigualdades em todo o território e em relação a seus serviços, o projeto apresentou uma espécie de Plano Diretor de Desenvolvimento Infantil Urbano. https://brainbuilding.org/implementation/zoom-in/analysing-and-mapping-services-for-children-and-families-in-istanbul-district-municipalities/
- Em Ontário, Canadá, o Painel de Bem-Estar Infantil para a região de Waterloo está sendo usado para ajudar a construir novas creches em locais onde são mais necessárias. O painel mostra onde já existem programas e serviços para crianças e onde estão situados em relação a outros serviços, como bibliotecas e parques. https://issuu.com/bernardvanleerfoundation/docs/ebook_cael_kids_book_design_kidsgec
- Conhecida como Capital Brasileira da Primeira Infância, Boa Vista investe na qualificação dos serviços de educação, saúde e assistência social. Pensando na perspectiva das crianças, um sistema de dados integrados e um sistema de alerta de risco foram desenvolvidos para apoiar os gestores na tomada de decisão. https://www.avsibrasil.org.br/projeto/scale-up-urban-95-boa-vista/