Fechar ruas para o tráfego de veículos em intervalos de tempo regulares garante a todos os moradores de um bairro um espaço público seguro para brincar, se encontrar, fazer exercício e respirar ar limpo. No mundo todo há exemplos de fechamentos temporários geralmente realizados pelo departamento de transportes com a colaboração dos departamentos de serviços sociais, como educação, saúde ou cultura. E isso pode ser um primeiro passo na direção de soluções permanentes, difíceis de implementar sem o apoio do cidadão local.
Na Cidade do México, no México, sob uma iniciativa do laboratório de inovação urbana LabCDMX, o governo fecha ruas regularmente na frente de escolas de bairros desfavorecidos para oferecer oportunidades de brincar ao ar livre. Em Libreville, no Gabão, o projeto Closing Streets for Children to Play (Fechando Ruas para as Crianças Brincarem) cria espaços seguros para crianças brincarem onde faltam espaços lúdicos, em alinhamento com a tradição local mais abrangente de reivindicação das ruas para eventos sociais como casamentos. Já em Bristol, no Reino Unido, há uma forte tradição de brincar nas ruas.
Há mais de 40 anos em Bogotá, na Colômbia, e agora em toda América Latina, o fechamento regular e temporário de ruas realizado pelas prefeituras encoraja o uso da bicicleta, o caminhar e o encontro entre pessoas. Estudos mostraram que crianças brincando livremente nas ruas aumenta a interação entre vizinhos, o que incrementa o bem-estar dos cuidadores.
As ruas de Brincar de Jundiaí
No Brasil, a Urban95 está fomentando a implementação das Ruas de Brincar nas cidades da Rede, e uma iniciativa que se destaca é a cidade paulista de Jundiaí. Lá, um programa busca implementar políticas públicas que deem protagonismo às crianças nas tomadas de decisões e reforcem a importância do brincar. O Comitê das Crianças e o Ruas de Brincar são exemplos de alguns programas que já estão em andamento na cidade e que imprimem esse conceito na prática.
A iniciativa da Prefeitura de Jundiaí teve início em 2019 como parte do Programa Cidade das Crianças, que prevê a retomada do espaço público da rua para o brincar ao ar livre. A proposta consiste em bloquear o fluxo de veículos de determinada rua aos domingos e feriados para que as crianças possam brincar, conversar e se divertir na rua com maior segurança.
“A experiência é tida como um dos principais resultados da articulação com a comunidade, visto que toda a aproximação, conexão e reconhecimento do local culminaram na realização de uma Rua de Brincar construída com base na colaboração e cooperação de pessoas e grupos do bairro interessadas, envolvidas e solícitas, que revelaram perfis fortemente a favor da infância nos espaços públicos e na sensibilização de cuidadores sobre o tema”, afirma o Ateliê Navio, escritório de arquitetura responsável por estruturar, elaborar e conduzir um Plano de Engajamento com a comunidade local, assim como a preparação e organização da ativação piloto da Rua de Brincar que ocorreu em dezembro de 2021.
“Uma das coisas importantes do programa Rua de Brincar é que a iniciativa é do próprio morador”, afirma Ursula Troncoso, arquiteta e urbanista do Ateliê Novo. “As nossas crianças têm o direito de estar na rua e fazem parte da cidade”, defende.
Confira o registro de uma ativação do programa “Ruas de Brincar” no bairro de Novo Horizonte, região oeste da cidade de Jundiaí:
Programe-se para o webinar Ruas de Brincar
Em fevereiro, as 24 cidades da Rede Urban95 se encontram para debater e aprender sobre o tema Ruas de Brincar. Todos estão convidados para o webinar “Ruas de Brincar – Iniciativas para exercer o brincar como direito”. Será no dia 23 de fevereiro, quarta-feira, das 9h às 10h30. Para participar, basta realizar a inscrição, que é gratuita.