O Álbum Nossa História* convida cuidadores a relatar sentimentos, acontecimentos e curiosidades sobre os primeiros 1000 dias do bebê – aqueles que vão da gestação aos 2 anos de vida. Com espaço para desenhar ou colar fotos de momentos especiais, dicas e informações úteis sobre esta fase, a publicação é uma ferramenta criativa para ser utilizada pelas equipes da assistência social, especialmente em programas de fortalecimento de vínculo, e outras equipes que trabalham diretamente com gestantes e cuidadores da primeiríssima infância.
A primeira cidade a utilizar o material foi Cascavel (PR), que tem qualificado seus serviços a partir da perspectiva da primeira infância e queria uma ferramenta que abordasse com as famílias a importância deste período, com atenção especial ao fortalecimento de vínculos entre famílias e bebês em situação de vulnerabilidade. Por isso, nesta primeira fase, o Álbum está sendo utilizado pelas equipes dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) e Centros de Convivência Intergeracional (CCI).
“Logo que recebemos o Álbum, percebemos que seria um instrumental na hora de desenvolver ações com bebês, famílias e cuidadores”, relata Adriana Rossini, coordenadora pedagógica do CCI Eureca I, em Cascavel. “Muitas famílias em situação de vulnerabilidade não têm oportunidade de falar sobre a gravidez, e o álbum traz atividades simples e ricas para trabalhar com as famílias, mostrando por exemplo como conversar com o bebê na hora do banho ou dando dicas sobre amamentação, aumentando a conexão com a criança.”
Além de fomentar a conexão entre cuidadores e bebê por meio da construção da história e da identidade da nova família, o álbum abre janelas de diálogo entre técnicos e cuidadores. “Muitas vezes as famílias chegam com receio ao equipamento, achando que serão fiscalizadas ou que não estão fazendo os suficiente. O álbum possibilita criar momentos de acolhida, onde cuidadores podem falar sobre angústias, os desafios e as alegrias desse período”, explica Monica Vidiz, consultora Urban95/CECIP e coordenadora de conteúdo da publicação.
Foi justamente o que aconteceu no CRAS VI de Novembro. No primeiro encontro com um grupo de gestantes, que inclui mães adolescentes e em outras situações de vulnerabilidade, as perguntas do álbum serviram como roteiro de conversa, o que ajudou a aprimorar os atendimentos e a incentivar as famílias a participar dos encontros.
Diferentes formas de utilização
O álbum pode ter uma distribuição qualificada por parte dos serviços durante o acompanhamento de gestação, para que as famílias possam utilizá-lo de forma autônoma. A outra possibilidade – como a utilizada em Cascavel – é o álbum como ferramenta de trabalho para profissionais da saúde e da assistência, podendo ser usado em atividades em grupos, atendimentos individuais e visitas domiciliares, qualificando e colaborando com a elaboração de políticas públicas.
“Preencher o álbum tem muito valor, porque ajuda a colocar em palavras os sentimentos da cuidadora e da rede de apoio durante os primeiros 1000 dias, incentiva que as pessoas conversem. No futuro, quando a criança estiver entendendo sua identidade e seu lugar no mundo, ela pode recorrer ao álbum para conhecer como ela era quando mais nova e como se insere nesta família”, conta Monica.
A previsão é de que, nos próximos meses, todos os CRAS e CCIs de Cascavel estejam usando o álbum e troquem entre si as experiências de uso da ferramenta. A prefeitura também está licitando a impressão de álbuns para distribuição às famílias que frequentam os serviços da assistência social.
*O álbum foi produzido pelo CECIP Centro de Criação de Imagem Popular para a iniciativa Urban95, em parceria com a Pistache Editorial e a Descobrir Brincando, para integrar os serviços de primeira infância da prefeitura de Cascavel (PR), cidade que faz parte da Rede Urban95. O conteúdo pode ser utilizado por outras cidades e está disponível para download em formato de PDF e de impressão para gráfica.