A cidade como espaço de exploração para bebês e crianças pequenas
Após a primeira socialização dos bebês, que normalmente acontece em casa e com seus principais cuidadores, é no espaço da vizinhança que se iniciam as explorações da cidade e interações com outros adultos e crianças. Para tal, é fundamental que as áreas residenciais, especialmente aquelas com grande circulação de crianças, ofereçam condições para que as famílias circulem com segurança e conforto e os pequenos possam interagir com o território. As cidades podem pensar na oferta de banheiros públicos, em uma estrutura viária que seja amigável para os pedestres, calçadas largas e iluminadas, entre outras medidas para fazer o ambiente urbano mais acolhedor para esses grupos.
Mas, para que as crianças pequenas possam circular a pé pela sua cidade, também é importante que as distâncias sejam reduzidas, ou seja, que elas possam usufruir dos serviços e espaços mais necessários ao redor de suas casas. O conceito da “cidade de 15 minutos” (ou, em inglês, 15 minute walk neighborhood) foi desenvolvido com as necessidades da primeira infância em mente e a ideia de uma cidade onde creches, escolas, centros de saúde e espaços de convívio e lazer das famílias estejam a uma distância de 15 minutos a pé dos locais de residência.
Uma cidade de 15 minutos
O ambiente ao redor é responsável pelas experiências e explorações a que uma criança terá acesso em seus primeiros anos
Cidades amigas da criança incluem espaços para que elas caminhem de forma independente, acessem recreação e serviços, além de aumentar a convivência das crianças nos espaços públicos. Um bairro pensado a partir da dimensão dos 15 minutos a pé deve considerar a frequência de uso para diferentes tipos de usuários. Dessa forma, podemos ver quais são as necessidades básicas, essenciais e menos essenciais no cotidiano dos cuidadores de bebês e crianças pequenas, adaptando o espaço público, os meios de mobilidade ativa e transporte público.
Uma série de intervenções urbanas já estão sendo implantadas para facilitar esse acesso e transformá-lo em uma experiência mais lúdica no Brasil e mundo afora. As cidades devem considerar especificidades, como o clima local, a geografia, questões de segurança e hábitos da população, no desenvolvimento de bairros mais agradáveis, saudáveis e sustentáveis para a primeira infância e toda a sociedade. Cada território tem necessidades próprias e deve ouvir sua população para entender quais intervenções serão mais efetivas em cada contexto.
O desenvolvimento humano na primeira infância
Os marcos da primeira infância, período que vai da gestação aos 6 anos de idade, incluem a capacidade de responder a estímulos e o desenvolvimento de habilidades motoras e sociais que terão impacto em série até a vida adulta. Como as primeiras fases da vida são as mais ricas para o aprendizado dos seres humanos, que são como “esponjas” do ambiente, cabe aos gestores públicos e à sociedade promover a oferta de ambientes para que as crianças cresçam saudáveis e felizes.
As etapas do desenvolvimento infantil dependem diretamente da interação com cuidadores atentos e com um ambiente propício à exploração. Por isso, adotar estratégias de planejamento para promover mais saúde e bem-estar, reduzir os quilômetros percorridos em veículos motorizados e aumentar a coesão dos bairros é tão importante para o futuro das crianças. Ao planejar bairros de 15 minutos, as cidades também ganham potencial para aumentar a convivência nos espaços da cidade, incentivar a criação de novas áreas verdes e facilidades para pedestres, com impactos positivos ao meio ambiente e à qualidade do ar urbano.