Pensando cidades inteligentes para a primeira infância

Como podemos apoiar planejadores e gestores públicos na construção de espaços acessíveis e seguros para todos?

Com o avanço da tecnologia em todas as áreas da vida, a gestão pública vem se apropriando de ferramentas, métodos e inovações que ajudam a aprimorar a qualidade da oferta de serviços públicos e a governança da administração local. O conceito de cidades inteligentes surge do encontro dessas novas estratégias, que, quando pensamos em políticas públicas, vão muito além do uso de ferramentas tecnológicas.

Para garantir que os programas e políticas estabelecidos localmente tenham efeitos efetivos sobre a qualidade de vida das pessoas que vivem em cidades, especialmente os bebês, crianças pequenas e seus cuidadores, o levantamento e análise de dados territoriais é ponto de partida para a elaboração de metas e indicadores. É preciso conhecer o território para decidir sobre os caminhos a serem tomados, escolher prioridades e temas mais vulneráveis. Monitorar e avaliar dados é uma estratégia fundamental para as cidades inteligentes que pensam na primeira infância, pois, assim, é possível ter certeza de que estão no caminho certo. 

Durante os primeiros anos de vida, o desenvolvimento das crianças é rápido e complexo, e elas demandam uma série de ações específicas em cada uma das fases. A Urban95 indica 25 intervenções-chave para bebês, crianças pequenas e seus cuidadores, de atuação transversal nas áreas de nutrição, saúde, água e saneamento, educação e proteção social. Essas demandas precisam ser atendidas em um tempo específico, fazendo do monitoramento de dados uma ferramenta estratégica para garantir que as políticas públicas atendam a toda a população de forma plena. É com a análise de dados que a gestão pode tomar decisões mais rápidas e efetivas.

Políticas públicas para a primeira infância

Garantindo um bom começo para todos

Para que uma criança se desenvolva plenamente, ela precisa de uma boa nutrição, cuidados médicos, proteção contra violências, espaços que incentivem o brincar e interações afetivas com seus cuidadores. Ao poder público cabe a criação e aplicação de políticas e programas que coloquem a primeira infância na agenda da sociedade de forma perene, nos níveis municipais, estaduais e federal. Políticas públicas permitem a sistematização e aplicação de ideias que já demonstraram efetividade na melhora da saúde, segurança e qualidade de vida dos bebês, crianças e cuidadores, pois já sabemos que são investimentos de alto retorno para toda a sociedade. 

Investir em um bom começo de vida para as crianças já se demonstrou como o melhor investimento para o futuro da sociedade como um todo. Estatísticas revelam que, para cada 1 dólar investido em programas de alta qualidade para a primeira infância, há um retorno estimado entre US$ 4 e US$ 9, reforçando a importância desse olhar por parte dos gestores públicos. Políticas e programas que atendam a todos, com um olhar especial aos mais vulneráveis, geram economia de recursos materiais e humanos, potencializam as ações desenvolvidas e garantem um acesso mais justo aos serviços e recursos urbanos.

Ao longo das últimas décadas, o Brasil consolidou direitos e garantiu em lei que as crianças tenham acesso à saúde e educação de qualidade, serviços de assistência social, moradia digna, alimentação nutritiva, lazer, segurança, entre outros. As cidades contam com as políticas públicas para aplicar, na prática, esses direitos e garantias, afinal, é no território local que as pessoas acabam demandando seus direitos e o acesso aos serviços públicos.