O ambiente urbano interfere na experiência e possibilidades de interação das crianças
Cidades podem ser bons lugares para se crescer com toda a vitalidade e dinamismo que oferecem, mas também apresentam sérios desafios para a saúde, o acesso a serviços e para o bem-estar de bebês, crianças pequenas e seus cuidadores. Essas dificuldades passam por questões de mobilidade, escassez de espaços verdes e naturais e de lugares seguros para brincar, poluição do ar, congestionamentos de tráfego e o isolamento social.
Projetar melhores cidades para crianças pequenas e cuidadores envolve a implantação de espaços ao ar livre, na natureza e que encorajem movimentos, brincadeiras e interações sociais seguras. Uma cidade pensada de forma cuidadosa pode ter um papel importante para lidar com os desafios das crianças e para que elas tenham um bom começo de vida, o que pode ser feito oferecendo bairros caminháveis, que forneçam as necessidades básicas de uma família jovem dentro de um raio de 15 minutos; espaços públicos verdes e que permitam que crianças pequenas explorem o território em segurança; rotas seguras e que tornem o deslocamento fácil, seguro, acessível e agradável; bairros com níveis seguros de qualidade do ar e pouca poluição sonora.
Algumas propostas para construir melhores cidades para a primeira infância
As intervenções da Urban95 ajudam as cidades a se tornarem melhores para bebês, crianças pequenas e cuidadores.
Ajudamos as cidades a promover mudança de comportamento, promovendo interações parentais positivas, hábitos saudáveis; aumentar o acesso e o uso dos serviços que as famílias precisam; e reduzir o estresse nos cuidadores. As intervenções estão organizados em quatro eixos estruturantes: tomada de decisões com base em dados, espaços públicos e natureza, mobilidade para famílias e utilização de serviços.
Conheça as cidades pioneiras da Rede Urban95 Brasil e um pouco do trabalho realizado pela primeira infância
Recife (PE)
Recife foi a primeira cidade brasileira parceira na iniciativa Urban95, sendo o investimento na primeira infância uma estratégia inovadora do município para combater a criminalidade e a desigualdade nos bairros mais vulneráveis. Algumas das iniciativas desenvolvidas localmente foram: ampliação da oferta de educação infantil; descentralização dos espaços Mãe Coruja – criados para acolher e fortalecer vínculos entre mãe, bebê e família; ampliação do Programa Mais Vida nos Morros para 54 comunidades, trazendo melhoria do espaço público, redução de lixo e proteção contra desabamentos nos morros; incorporação da primeira infância nos Centros Comunitários da Paz (Compaz), trazendo ofertas de atividades e serviços para mais perto da população vulnerável.
Boa Vista (RO)
Os investimentos na primeira infância fizeram de Boa Vista referência no Brasil e no mundo. A cidade conta com uma política intersetorial de primeira infância, o programa Família Que Acolhe, que integra os serviços de saúde, educação, gestão social e comunicação para as mulheres e crianças. O projeto faz o acompanhamento das famílias da gestação até os seis primeiros anos de vida com ações que visam ao desenvolvimento integral dos pequenos cidadãos de Boa Vista. Nos últimos anos, o município investiu fortemente na qualificação dos seus serviços nas áreas de educação, saúde e assistência social.
Com apoio da Urban95, o município deu um passo adiante, e seus gestores desenvolveram projetos de adaptação de dois bairros às necessidades das crianças pequenas e cuidadores, um sistema de dados integrados e um sistema de alerta de risco para apoiar na tomada de decisão.
São Paulo (SP)
São Paulo abraçou a agenda da primeira infância desde que grande parte dos secretários do município participaram do Programa de Liderança Executiva em Primeira Infância em Harvard. Em 2018, a partir de grande engajamento da sociedade civil e comprometimento da gestão, São Paulo conseguiu construir o seu Plano Municipal de Primeira Infância, envolvendo diversas secretarias e uma agenda que ia além das tradicionais e fundamentais políticas de educação, assistência e saúde.
O programa visa também incluir ações de engajamento comunitário e de mensuração da qualidade do ar e implantar trilhas educadoras e estações educadoras, que têm por objetivo estimular o desenvolvimento das crianças na primeira infância e fortalecer os laços com seus cuidadores. Trata-se de uma iniciativa intersetorial, sob coordenação da Secretaria de Governo Municipal, prevista no Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI), Programa de Metas 2019 – 2020 da Prefeitura e Plano de Segurança Viária do Município de São Paulo (Decreto Municipal 58.717/2019).