Se você mudar o começo da história, pode mudar a história inteira
Pesquisadores, especialistas em saúde pública e economistas são igualmente categóricos: bebês e crianças pequenas são os melhores aprendizes do planeta. Eles aprendem e florescem em criatividade muito mais rápido até completar seu quinto aniversário. Durante a primeira infância, que vai de 0 a 6 anos, seus cérebros se desenvolvem mais rapidamente do que em qualquer outra época de suas vidas, e as experiências têm um impacto profundo e duradouro sobre sua saúde física e mental, sua capacidade de aprender e de se relacionar com os outros. Estudos indicam que 1 milhão de sinapses se formam por segundo no cérebro de uma criança pequena.
As influências mais poderosas sobre o desenvolvimento infantil: pais e outros cuidadores
As relações com os adultos são as influências mais importantes para o desenvolvimento na primeira infância
O que pais e outros cuidadores fazem durante esse período ajuda a construir a arquitetura cerebral que servirá de base para uma boa saúde e um bom aprendizado durante o resto da infância e da vida adulta. É por isso que acreditamos que um bom começo para todas as crianças é uma das partes mais importantes de uma sociedade saudável, pacífica e criativa.
As relações que um bebê ou uma criança de até 05 anos têm com os adultos durante sua vida são as influências mais importantes sobre seu desenvolvimento. Essas relações começam em casa, com pais e outros membros da família, como avós e irmãos. Esses cuidadores são responsáveis pela segurança e saúde da criança, assim como pelo que ela come e por sua percepção do mundo.
Quando pais e outros cuidadores conversam, cantam e brincam com seus bebês, eles os ajudam a construir um cérebro saudável e programado para aprender e interagir com os outros. Estudos mostram que um cuidado afetuoso, estimulante e responsivo é um dos melhores indicadores de que essas crianças serão bem-sucedidas na escola e adultos mais felizes e mais saudáveis.
O que é uma intervenção na primeira infância?
Programas voltados para aqueles que estão em seus primeiros anos de vida devem ser uma prioridade para todos nós
Para que uma criança cresça bem, ela precisa de uma boa nutrição, bons cuidados médicos, proteção contra violências, oportunidades de brincar na infância e de criar interações afetivas com adultos. Programas para a primeira infância são uma prioridade porque milhões de crianças pequenas ao redor do mundo não têm acesso a um bom começo de vida, o que impede que elas alcancem seus potenciais máximos.
A primeira infância também é prioridade crescente de governos e outros investidores ao redor do mundo que reconhecem o retorno excepcional do investimento nos primeiros anos de vida, inclusive para a economia dos países. Estima-se que, para cada US$ 1 investido em programas para a primeira infância, há um retorno estimado de US$ 4 a US$ 9.
Crianças e cidades
Espaços que criem oportunidades de aprendizagem, imaginação e diversão
Atualmente, mais de um bilhão de crianças moram em cidades. Cidades podem ser lugares maravilhosos para crescer, mas também podem apresentar sérios desafios para a saúde e o bem-estar de bebês, crianças pequenas e das pessoas que cuidam deles – que vão da escassez de espaços na natureza e de lugares seguros para brincar, poluição do ar e congestionamentos de tráfego ao isolamento social. Afinal, cidades para crianças são cidades boas para todos.
Ao mesmo tempo, a urbanização está crescendo tão rapidamente que as cidades representam uma oportunidade única para ajudar bebês e suas famílias a prosperarem. Como podemos garantir que as cidades ofereçam mais oportunidades de lugares seguros, saudáveis e motivadores – com possibilidades de aprendizagem, criação, imaginação, diversão e crescimento – em todos os bairros, alcançando o maior número possível de famílias?
Tradicionalmente, intervenções na primeira infância podem tomar muitas formas, podem acontecer por meio de investimento em nutrição, saúde, água e saneamento ou baseadas na educação e proteção social. A mobilidade urbana sustentável também é uma estratégia importante para dar acesso à cidade para bebês, crianças pequenas e cuidadores, que têm necessidades específicas para experimentar plenamente esses espaços.
Bebês, crianças pequenas e cuidadores vivenciam a cidade de formas diferentes
Design urbano para a primeira infância
Para o desenvolvimento cerebral máximo, crianças pequenas precisam de uma alimentação saudável, proteção e – decisivamente – muitas oportunidades de brincar e de serem amadas. Isso significa que bebês e crianças pequenas precisam de cidades com espaços seguros e saudáveis, onde os serviços essenciais sejam de fácil acesso; cidades que permitam interações afetuosas frequentes e responsivas com adultos carinhosos, e que ofereçam um entorno seguro e fisicamente motivador para brincar e explorar. Cidades para crianças pensam em infraestrutura urbana na perspectiva da segurança e do conforto, mas também em elementos lúdicos, educativos e que explorem a imaginação.
Três lições sobre a construção de cidades para bebês
1. Design para o cuidado
Precisamos pensar nos cuidadores, já que bebês e crianças pequenas não passeiam sozinhos pelas cidades
Planejar e criar para bebês e crianças pequenas significa planejar e criar para as pessoas que cuidam deles também. Bebês e crianças pequenas não passeiam sozinhos pelas cidades – são aqueles que cuidam deles que decidem para onde irão e quanto tempo permanecerão. Esses cuidadores precisam se sentir seguros e confortáveis – o que pode ser propiciado por uma boa iluminação, árvores que façam sombras, zonas de proteção entre a calçada e a rua, bancos e banheiros.
2. Proximidade importa
Tudo o que uma criança precisa a uma distância de 15 minutos de caminhada
Qualquer pessoa que tenha tentado ir a algum lugar com uma criança de dois anos, curiosa e cheia de energia, ou com um bebê pesado no colo, pode atestar isso. Um bom sistema de transporte público é muito importante, mas, se você estiver com uma criança pequena, a melhor opção costuma ser caminhar de forma segura, confortável e rápida. Desenvolvemos um conceito de “bairro de 15 minutos”, em que a meta é que famílias com crianças pequenas possam chegar andando aos serviços que precisam e, quando precisarem utilizar o transporte motorizado, contar com um sistema de transporte mais sustentável e acessível.
3. “Pense em bebês” como um princípio universal de design
Uma cidade boa para bebês é uma cidade boa para todos
Ter foco em bebês, crianças pequenas e em seus cuidadores torna a cidade melhor para todo mundo. Pensar nos bebês é uma forma fácil de pensar nos princípios universais do design. De uma perspectiva de design, a extrema vulnerabilidade e a dependência dos bebês, e seu forte impulso por explorar e brincar, significam que se um lugar for seguro, limpo e interessante o suficiente para eles, provavelmente, funcionará para todas as outras pessoas. Cidades boas para crianças são boas para todos os cidadãos.
Confira também: Primeira Infância idade