Permitir que cuidadores e crianças (cuidadora de crianças) pequenas possam caminhar ou andar de bicicleta até serviços de saúde e creches, assim como a lugares onde seja possível brincar sem perigo, e a encontrar fontes de alimentação saudável.
As crianças precisam se deslocar nas cidades para acessar escolas, postos de saúde e áreas de lazer, dependendo da mobilidade urbana para usufruir desses equipamentos e dos espaços públicos.
Em um momento em que cada vez mais crianças do mundo estão crescendo nas cidades, a Fundação Bernard van Leer está trabalhando com governos municipais para encontrar maneiras novas e escaláveis de tornar as cidades mais amigáveis para as crianças.
Como bebês e crianças pequenas dependem de cuidadores para se deslocar na cidade, esses adultos precisam sentir-se seguros e confortáveis nos espaços públicos, capazes de circular com tranquilidade e segurança.
É preciso considerar a perspectiva dos bebês e crianças pequenas na mobilidade urbana, mesmo que eles não circulem de forma autônoma na cidade. E não esqueçamos que uma cidade que oferece deslocamentos seguros, acessíveis e confortáveis para as necessidades de uma criança acolhe populações vulneráveis e com mobilidade reduzida.
O que as cidades podem fazer?
Promover a acessibilidade, segurança e conforto nos espaços públicos para bebês, crianças e seus cuidadores, reforçando o objetivo de maximizar a frequência, a qualidade e a intensidade de interações positivas entre eles.
Ruas planejadas sob a perspectiva de bebês e crianças devem considerar fatores de segurança, como calçadas largas e regulares, faixas de pedestre bem sinalizadas, iluminadas e limpas.
Mas os espaços públicos também podem ser lúdicos e educativos, e cada vez mais cidades investem em mobiliário e intervenções urbanas em rotas utilizadas por crianças e famílias, incentivando as interações positivas.
As cidades podem ainda apoiar a construção de sistemas de mobilidade urbana que considerem os deslocamentos de crianças, famílias e cuidadores, com necessidades próprias e muito diversas para acessar a cidade.
O que o transporte tem a ver com isso?
O transporte urbano pode afetar a qualidade das experiências que moldam o cérebro em desenvolvimento – para o bem e para o mal. Ele interfere no acesso a alimentos saudáveis, cuidados de saúde, creches e outros serviços essenciais para a primeira infância.
As crianças têm um alcance muito menor de mobilidade em comparação aos adultos, são particularmente vulneráveis à poluição e precisam se locomover regularmente para serviços de primeira infância, como clínicas pediátricas e creches. Dependem diretamente do transporte para usufruir dos serviços urbanos.
A qualidade do transporte e do planejamento afeta a extensão em que mulheres grávidas, bebês e crianças podem acessar os serviços de que precisam para um desenvolvimento saudável e pleno, como fontes de alimentação saudável, serviços de saúde e educação, parques e espaços de lazer.
Planejamento de bairros
Viajar na cidade pode ser cansativo, longo, estressante ou perigoso para os cuidadores. Isso afeta a qualidade e a quantidade de atendimento responsivo que eles podem fornecer, além da própria disposição ao se deslocarem com as crianças.
Um bairro acessível é aquele que promove a utilização de serviços essenciais durante os primeiros anos de vida por meio de uma viagem curta (15 minutos) de baixo custo. Um planejamento assertivo desenvolve comunidades animadas, solidárias e seguras, em um entorno confortável e estimulante para o desenvolvimento de crianças pequenas e o bem-estar de seus cuidadores.
A escala de bairro traz formas seguras, acessíveis e sustentáveis para que cuidadores com crianças pequenas alcancem seus destinos, seja andando, pedalando, utilizando meios de transporte público formais ou informais. Um ambiente físico seguro e estimulante incentiva a exploração e o aprendizado das crianças, enquanto tranquiliza os pais.
Na prática, isso se traduz em bairros caminháveis, com espaços públicos próximos das moradias e uma rede de transporte urbano confiável, para que as famílias com crianças pequenas possam se locomover de maneira fácil, acessível e agradável.
Boas Práticas e ideias inspiradoras em mobilidade para bebês, crianças e famílias
- Mapas para melhorar a segurança rodoviária. Na Cidade do México, a ‘Liga Peatonal’ mapeou os dados existentes sobre acidentes de trânsito para localizar travessias perigosas perto de escolas e creches. Os mapas ganharam significativa atenção do público e estão sendo usados para influenciar a tomada de decisões sobre a melhoria da segurança no trânsito perto das escolas. https://bernardvanleer.org/urban95-challenge/safer-road-crossings-in-mexico-city/
- O Kindlint, ou ‘percurso infantil’, em Eindhoven, Holanda, foi criado para oferecer um caminho seguro para crianças, aumentando a percepção dos pais de segurança e reduzindo a idade das crianças que podem percorrê-lo sozinhas. Marcado por placas de sinalização, ele é um caminho texturizado, colorido e que se distingue dos demais. https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2020/04/BvLF-StarterKit-Update-Digital.pdf
- Em Boa Vista, Brasil, crianças pintaram murais e cores brilhantes nas calçadas para encorajar o brincar e a contação de histórias ao longo de percursos que levam aos serviços destinados à primeira infância. A cidade também melhorou pontos de ônibus com comodidades voltadas à amamentação e os decorou instigando o imaginário e o brincar de faz de contas enquanto aguardam o ônibus. https://boavista.rr.gov.br/noticias/2018/10/modernos-e-educativos-abrigos-de-onibus-de-boa-vista-ganham-novo-visual
- A cidade de Medellín, Colômbia, introduziu rotas seguras para as crianças na primeira infância residentes de bairros com altos índices de violência. Elas andam juntas para a escola com um grupo de adultos, brincando e escutando música ao mesmo tempo. https://bernardvanleer.org/pt-br/blog/why-walking-is-so-good-for-parents-toddlers-and-the-cities-where-they-live/