Cidades mais verdes e amigáveis para desemparedar a infância

Como garantir o direito das crianças à cidade e à natureza? O webinar Desemparedamento das infâncias: por uma cidade mais verde discutiu ideias e estratégias para criar espaços abertos e com elementos naturais, seguros e integrados ao dia a dia. O encontro, com participação de Paula Mendonça, coordenadora das áreas de cidade e educação do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, faz parte das iniciativas Urban95 e reuniu representantes das cidades da rede na manhã de 31 de janeiro. Esta edição teve ainda a presença de Claudius Ceccon, fundador do CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular, instituição organizadora do webinar.

Felipe Cardoso/Urban95

A conversa foi conduzida por Claudia Vidigal, representante da Fundação Bernard van Leer no Brasil, que introduziu o tema propondo uma reflexão sobre possibilidades para vivermos com menos paredes e muros e mais conexão entre espaços: “Essa vem sendo a ideia da Rede Urban95. Tem aparecido um desejo de integração, de olhar para fora e pensar como a gente integra a escola com a praça, com os caminhos, com os serviços”.

Na sequência, a supervisora da iniciativa Urban95 no CECIP, Bianca Antunes, apresentou um panorama das ações realizadas nos municípios acompanhados pela organização. Entre os destaques, a plenarinha de Canoas (RS), para incluir a escuta das crianças nos diagnósticos do PMPI, a primeira edição do projeto Ruas Brincantes, em Uruçuca (BA), e os workshops sobre comunicação e mudança de comportamento com o consultor da Fundação Bernard van Leer Sam Sternin, em Mogi das Cruzes (SP) e São José dos Campos (SP).

Ideias para favorecer o brincar livre e o aprendizado na natureza

Trazendo um retrato das infâncias urbanas atuais – crianças passando 90% do tempo em espaços fechados, média de 5 horas em frente às telas e menos de 1hora por dia ao ar livre – Paula Mendonça explicou o conceito de desemparedamento e falou sobre os benefícios de conviver com a natureza para o desenvolvimento infantil. “Natureza é saúde na infância. É um laboratório de investigação para as crianças, que se relacionam e se vinculam com o ambiente através da inteligência do seu corpo, da movimentação e do brincar livre”, afirmou.

E como favorecer a criação de cidades mais verdes, acessíveis e amigáveis às crianças? Para Paula, a solução está em oferecer uma resposta sistêmica e multisetorial, com atuação de áreas diversas da gestão municipal, participação da comunidade e escuta infantil. Parques naturalizados, rotas seguras para andar a pé e aprender pelo caminho, ruas de lazer e intervenções lúdicas para brincar nos deslocamentos são algumas das possibilidades.

As inspirações foram muitas: enquete on-line sobre memórias de infância, referências de vídeos e publicações para se aprofundar no assunto, exemplos de cidades que estão promovendo o desemparedamento no Brasil e pelo mundo, e, para finalizar, um relato de Hannah Mendes, representante de Fortaleza (CE), que contou sobre sua experiência com a implantação de micro parques naturalizados, projeto pioneiro no Brasil, hoje replicado em outras regiões.

Para saber mais, confira o vídeo completo do encontro, que também contou com momentos de troca entre os participantes.