As experiências vividas nos primeiros anos de vida vão moldar os adultos do futuro
O impacto do que bebês e crianças pequenas vivenciam sobre o seu desenvolvimento é tão direto que o investimento na primeira infância se tornou unanimidade entre especialistas e formuladores de políticas públicas. Estudos indicam que há um retorno estimado entre US$ 4 e US$ 9 para cada US$ 1 investido em programas de alta qualidade para a primeira infância, trazendo um aspecto prático para priorizar esse público. Positivas ou negativas, as influências e experiências que se vive nos primeiros anos são marcantes para formar os adultos do futuro, suas capacidades sociais, emocionais e mesmo o desempenho econômico.
Gestores públicos podem desenvolver programas e políticas de assistência voltadas a bebês e crianças, mas também legislações que garantam a perenidade das ações. A liderança política é fundamental para que as cidades estejam verdadeiramente na direção de espaços mais saudáveis, seguros e sustentáveis, pois são os tomadores de decisão que desenham as prioridades da gestão nos diferentes níveis da administração pública. Os planos municipais pela primeira infância são exemplos de como o compromisso da sociedade com as crianças pequenas pode acontecer em nível local, indicando diretrizes e ações que considerem as especificidades locais.
O direito a um desenvolvimento integral está previsto também na Constituição de 88, que determina a prioridade de crianças e adolescentes, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), com os direitos devidos desse público, e o mais recente Marco Legal da Primeira Infância, que oferece orientações claras para criação e execução de políticas públicas focadas em crianças de até 6 anos. Ações e projetos pela primeira infância vêm para realizar as obrigações previstas em lei na realidade cotidiana e têm grande potencial de transformação para o futuro.
O que você mudaria na sua cidade se a experimentasse a partir de 95 cm – a altura média de uma criança de 3 anos?
Essa é a questão que a iniciativa Urban95 busca levar para as cidades
Já que bebês, crianças pequenas e cuidadores raramente têm voz no planejamento urbano, nas estratégias de mobilidade e nos programas e serviços destinados a eles, a Urban95 propõe ajudar gestores de mobilidade, urbanistas e outros gestores públicos a entenderem como podem influenciar o desenvolvimento infantil identificando e aprimorando os territórios onde os bebês mais vulneráveis e suas famílias estão.
Para favorecer o acesso aos espaços públicos, é preciso pensar em um distanciamento menor entre a moradia e os serviços e locais, como escola, trabalho, praças, etc. O sistema de transporte público deve facilitar o acesso de crianças na primeira infância e seus cuidadores, e a circulação de pedestres deve ser priorizada. O investimento nos pequenos cidadãos requer uma mudança na lógica do planejamento urbano tradicional, focando a perspectiva dos bairros e a criação de espaços mais agradáveis.
A iniciativa Urban95 apresenta três lições para cidades que desejam se tornar mais amigáveis com os bebês e crianças pequenas, que não andam pelas cidades sozinhos e necessitam de seus cuidadores para circular e permanecer nos espaços. O design urbano para o cuidar, acesso a serviços e espaços próximos e em segurança e a perspectiva dos bebês como um princípio universal de design. Afinal, uma cidade que é segura, agradável e interativa para as crianças pequenas será também uma cidade melhor para toda a sociedade.
Saiba mais sobre: os direitos das Crianças