Fortaleza (CE) e Niterói (RJ) compartilham estratégias para tornar entornos escolares seguros e lúdicos

As áreas ao redor das escolas concentram grande circulação de crianças pequenas e seus cuidadores. Fortaleza (CE) e Niterói (RJ) têm olhado para estes espaços como zonas prioritárias, garantindo segurança viária, ludicidade e espaços de convivência. Ambas as cidades compartilharam aprendizados e desafios no webinar Entornos Escolares: Estratégias para Fomentar a Segurança Viária e a Mobilidade Ativa, que aconteceu no dia 19 de junho e reuniu representantes das 27 cidades da Rede, com organização do CECIP Centro de Criação de Imagem Popular.

A mediação do encontro ficou por conta de Gabriela Callejas, cofundadora da organização Cidade Ativa, que introduziu a temática e explicou que a ativação dos entornos escolares depende de um misto de intervenções físicas, políticas, marcos regulatórios e ampla participação popular para funcionar.

Vem conhecer mais sobre iniciativas!

Caminhos da escola: urbanismo tático como estratégia de transformação

Em Fortaleza, onde 55% das crianças vão a pé para a escola, o programa Caminhos da Escola apostou no urbanismo tático para criar zonas prioritárias para os pedestres ao redor de nove escolas. Parceria da prefeitura com a Global Design Cities Initiative (GDCI), o projeto realizou ações de nivelamento e pavimentação contínua das calçadas, pinturas na via para demarcar áreas de convivência e de brincar e inserção de mobiliário lúdico nos trajetos.

“O sucesso do programa foi tanto que ele foi inserido no Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI), e está hoje em constante diálogo com outras políticas para esta faixa, como as de monitoramento de qualidade do ar e a dos parques naturalizados”, explica Diego Veras, gerente de Estudos e Projetos na Autarquia Municipal de trânsito de Fortaleza. Atualmente em fase de expansão para mais 50 escolas, o projeto utiliza recursos de diferentes secretarias, como a Secretaria de Infraestrutura e a Secretaria do Meio Ambiente.

Niterói de Bicicleta e a defesa da mobilidade ativa para crianças.

Desde a adesão de Niterói à Rede Urban95, o programa Niterói de Bicicleta, coordenadoria dentro da Secretaria de Urbanismo e Mobilidade da cidade, redesenhou seus projetos a partir da perspectiva da primeira infância: ciclovias foram readaptadas para encorajar a presença de crianças pequenas e cuidadores, paraciclos nas escolas e passeios pela cidade voltados a estas faixas etárias.

Helena Porto, diretora de educação e comunicação da Niterói de Bicicleta, também contou sobre a experiência Rotas Caminháveis, parceria da prefeitura com o Estúdio +1. “Funcionando nos bairros de Jurujuba, Barreto e Ingá, o projeto conecta de maneira lúdica e acessível áreas que têm escolas, UBS e outros equipamentos com presença grande de crianças e cuidadores”. Além das ciclovias, o projeto implementou nas rotas faixas de pedestre elevadas, pinturas lúdicas e arborização.

Confira mais estratégias na íntegra do webinar Entornos Escolares: Estratégias para Fomentar a Segurança Viária e a Mobilidade Ativa:

 

Webinar celebra Encontro em Jundiaí e potência do trabalho em rede da Urban95

As políticas públicas pela primeira infância celebradas no 1º Encontro Cidades das Crianças em Jundiaí (SP) têm um denominador comum: são possíveis porque foram criadas por uma rede integrada e articulada, com atores de diferentes secretarias da cidade em constante diálogo com parceiros como a Rede Urban95.

Para ampliar as possibilidades de troca que surgiram durante o evento, que aconteceu em março e reuniu 18 cidades da Rede Urban95, aconteceu o webinar Reverberações de um Encontro Fantástico, no dia 14 de abril. O encontro, organizado pelo CECIP, reuniu as 27 cidades da rede.

Dando a palavra aos participantes, tanto os que estiveram e os que não estiveram em Jundiaí, o webinar instigou os presentes a pensar em como este trabalho em Rede pode inspirar ações para a primeira infância nas cidades Urban95. O evento também sublinhou a importância de encontros presenciais, e já anunciou que em setembro de 2023 acontecerá o 2º Encontro Urban95, em São Paulo (SP). Mais informações, em breve!

Confira o webinar na íntegra:

Segurança e cultura de paz nas escolas – Referências para gestores

Em apoio às equipes de educação e todos os servidores das cidades Urban95 neste momento de insegurança, com ameaças e ataques violentos a escolas e disseminação de fake news, disponibilizamos um documento que pode indicar caminhos e oferecer canais de denúncia e acolhida.

Não há soluções fáceis ou solitárias para este cenário. Comunidade escolar, autoridades locais, sociedade, organizações da sociedade civil e governo precisam trabalhar juntos para criar ações de curto, médio e longo prazo. A Urban95 se solidariza e reafirma seu compromisso com a cultura de paz, o desemparedamento e o fortalecimento de vínculos entre comunidade, território e escola como caminhos que nos ajudarão a atravessar este momento delicado.

Segurança e cultura de paz nas escolas – Referências para gestores.

 

5 estratégias para aproximar homens cuidadores dos serviços de saúde

Historicamente, homens frequentam pouco os equipamentos de atenção primária de saúde, que são porta de entrada e eixo integrador dos serviços para a primeira infância e seus cuidadores. Por fatores sociais e culturais, muitos homens ainda têm dificuldade em mostrar vulnerabilidade, procurar ajuda médica ou exercer o papel de cuidador. Na outra ponta, os serviços enfrentam o desafio de se comunicar com este público reticente e criar conteúdos de comunicação atrativos sobre saúde preventiva e valorização da paternidade.  

Boa Vista (RR) apostou na capacitação sobre masculinidades e paternidades dos profissionais de saúde para diminuir a distância entre serviços e o público masculino. Luciano Ramos, especialista na temática de paternidades do Instituto Promundo, foi convidado em novembro de 2022 para ministrar a formação e trazer estratégias propostas em políticas públicas já consolidadas, como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) e o Pré-natal do Parceiro.

“Segundo a pesquisa Situação da Paternidade no Brasil, 80% dos homens têm o desejo de serem pais presentes, e estão decididos a fazer tudo o que for importante para a criança. Se existe essa predisposição e existem políticas públicas para favorecer esta participação, quem está operando os equipamentos de saúde precisa criar um meio de campo possível”, comenta Luciano. 

A paternidade é a porta de entrada para saúde dos cuidadores homens e os equipamentos de saúde precisam ter ferramentas para engajar este público reticente / Crédito: Shutterstock

Confira dicas compartilhadas pelo especialista para aumentar a participação masculina nos equipamentos de saúde, e sua presença nos cuidados com a primeira infância.  

1) Busca ativa para engajar os homens no território 

Campos de futebol, igrejas e comércio local. Para Luciano, os agentes comunitários de saúde devem realizar uma busca ativa nestes e em outros espaços ao redor dos equipamentos de saúde para apresentar os serviços disponíveis para o público masculino. Outra estratégia recomendada é mapear as lideranças comunitárias locais. Presidentes de associações de moradores, líderes de comunidades religiosas ou comerciantes podem ser aliados na hora de divulgar uma campanha de saúde preventiva, por exemplo. 

A busca ativa dos homens no território é uma das etapas para engajar este público com os serviços de saúde. Na foto, trabalho do Instituto Promundo com populações indígenas do Amapá / Crédito: Instituto Promundo

2) Comunicação condizente com a realidade local

Para engajar o homem do território a participar de atividades nos equipamentos de saúde, é preciso dialogar com ele e oferecer atividades que se encaixem em suas jornadas diárias. “Não adianta fazer formações extensas sobre paternidades no meio do dia. O trabalhador não consegue acessá-las, e isso pode fazer com que ele se afaste deste equipamento de saúde de modo permanente”, adiciona Luciano. Como exemplo de formação, Luciano traz uma atividade realizada no Promundo em uma comunidade do Rio de Janeiro: a estratégia foi criar rodas de masculinidades antes das partidas de futebol. As conversas tinham como ponto de partida o próprio esporte, e duravam apenas 20 minutos. 

Campanhas como a do Novembro Azul, que conscientiza sobre o câncer da próstata, são importantes, mas o especialista recomenda também uma comunicação contínua com este público, explorando outras temáticas, como saúde mental e o tema de paternidades ativas. 

3) Atendimentos em horários flexíveis

Segundo a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), uma das questões apontadas pelos homens para a pouca frequência em serviços de saúde está ligada ao horário de atendimento, que coincide com a carga horária de trabalho. Está prevista em lei a possibilidade de que unidades de saúde ofereçam horários estendidos para a realização de atendimentos, não só os de saúde do homem, mas também os exames de pré-natal. 

“Existem municípios do Amapá, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Boa Vista, por exemplo, que estão atendendo homens depois das 22h. Este gesto significa muito para o homem, que se sair do trabalho e encontrar o posto fechado, dificilmente vai retornar”, adiciona Luciano. 

4) Acolher o pai durante o pré-natal

A política pública Pré-natal do parceiro prevê a inclusão de homens em todas as ações voltadas para o planejamento reprodutivo e, ao mesmo tempo, incentiva os homens a acessar o sistema de saúde de forma preventiva e a cuidar mais da própria saúde. Mas para que a implementação desta política seja bem sucedida, é necessário que o equipamento acolha bem este pai e o convide a participar de todas as etapas. Gestos como colocar mais uma cadeira na hora do atendimento, ou perguntar ao pai como ele está se sentindo durante a gestação, fazem a diferença. 

Na primeira consulta de pré-natal, caso o pai não esteja presente, o profissional de saúde precisa estender este convite a este homem pai – salvo em casos de relações violentas. Quando presente, este pai precisa ser orientado a fazer os exames necessários, tanto os de rotina, como diabetes, de sangue, colesterol, como também de HIV e outras doenças. O profissional precisa também verificar o cartão de vacina do homem pai para acompanhar a cobertura vacinal. Por fim, é recomendado inclui-lo em grupos de paternidades ofertados pela Unidade de Saúde. 

“Se este homem participa ativamente do pré-natal, ele começa a se relacionar fortemente com a criança. Se pararmos para pensar que no Brasil há um grande número de crianças que são registradas sem pai, trabalhar preventivamente com estes homens, já no pré-natal, garante o vínculo com a criança e diminui as chances de abandono.”

Garantir a presença do homem em todas as etapas da gestação, como no pré-natal e depois no puerpério, ajuda a fortalecer os vínculos entre cuidadores e bebê / Crédito: Prefeitura de Boa Vista

5) Momentos formativos sobre masculinidades e paternidades para profissionais de saúde
Formações sobre as temáticas de paternidades e masculinidades ajudam a desconstruir mitos com relação à masculinidade hegemônica e preparam os profissionais de saúde para buscar os homens do território, receber bem os pais durante exames como o pré-natal e também a desenvolver campanhas de comunicação que atinjam este público. Luciano recomenda que estas formações sejam feitas para toda a equipe, desde os gestores até o profissional que está na ponta, como o agente comunitário de saúde. 

O Instituto Promundo disponibiliza materiais sobre paternidades para apoiar o preparo de momentos formativos. A Urban95 também preparou uma lista de políticas, cursos e conteúdos para inspirar ações de paternidade ativa nas cidades. 

Álbum Nossa História é ferramenta de apoio a políticas de fortalecimento de vínculo entre cuidadores e bebês

O Álbum Nossa História* convida cuidadores a relatar sentimentos, acontecimentos e curiosidades sobre os primeiros 1000 dias do bebê – aqueles que vão da gestação aos 2 anos de vida. Com espaço para desenhar ou colar fotos de momentos especiais, dicas e informações úteis sobre esta fase, a publicação é uma ferramenta criativa para ser utilizada pelas equipes da assistência social, especialmente em programas de fortalecimento de vínculo, e outras equipes que trabalham diretamente com gestantes e cuidadores da primeiríssima infância.

A primeira cidade a utilizar o material foi Cascavel (PR), que tem qualificado seus serviços a partir da perspectiva da primeira infância e queria uma ferramenta que abordasse com as famílias a importância deste período, com atenção especial ao fortalecimento de vínculos entre famílias e bebês em situação de vulnerabilidade. Por isso, nesta primeira fase, o Álbum está sendo utilizado pelas equipes dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) e Centros de Convivência Intergeracional (CCI).

“Logo que recebemos o Álbum, percebemos que seria um instrumental na hora de desenvolver ações com bebês, famílias e cuidadores”, relata Adriana Rossini, coordenadora pedagógica do CCI Eureca I, em Cascavel. “Muitas famílias em situação de vulnerabilidade não têm oportunidade de falar sobre a gravidez, e o álbum traz atividades simples e ricas para trabalhar com as famílias, mostrando por exemplo como conversar com o bebê na hora do banho ou dando dicas sobre amamentação, aumentando a conexão com a criança.”

Cuidadora que frequenta o CCI Eureca I folheia a publicação/ Crédito: Adriana Rossini.

Além de fomentar a conexão entre cuidadores e bebê por meio da construção da história e da identidade da nova família, o álbum abre janelas de diálogo entre técnicos e cuidadores. “Muitas vezes as famílias chegam com receio ao equipamento, achando que serão fiscalizadas ou que não estão fazendo os suficiente. O álbum possibilita criar momentos de acolhida, onde cuidadores podem falar sobre angústias, os desafios e as alegrias desse período”, explica Monica Vidiz, consultora Urban95/CECIP e coordenadora de conteúdo da publicação.

Foi justamente o que aconteceu no CRAS VI de Novembro. No primeiro encontro com um grupo de gestantes, que inclui mães adolescentes e em outras situações de vulnerabilidade, as perguntas do álbum serviram como roteiro de conversa, o que ajudou a aprimorar os atendimentos e a incentivar as famílias a participar dos encontros.

Diferentes formas de utilização

O álbum pode ter uma distribuição qualificada por parte dos serviços durante o acompanhamento de gestação, para que as famílias possam utilizá-lo de forma autônoma. A outra possibilidade – como a utilizada em Cascavel – é o álbum como ferramenta de trabalho para profissionais da saúde e da assistência, podendo ser usado em atividades em grupos, atendimentos individuais e visitas domiciliares, qualificando e colaborando com a elaboração de políticas públicas.

“Preencher o álbum tem muito valor, porque ajuda a colocar em palavras os sentimentos da cuidadora e da rede de apoio durante os primeiros 1000 dias, incentiva que as pessoas conversem. No futuro, quando a criança estiver entendendo sua identidade e seu lugar no mundo, ela pode recorrer ao álbum para conhecer como ela era quando mais nova e como se insere nesta família”, conta Monica.

A previsão é de que, nos próximos meses, todos os CRAS e CCIs de Cascavel estejam usando o álbum e troquem entre si as experiências de uso da ferramenta. A prefeitura também está licitando a impressão de álbuns para distribuição às famílias que frequentam os serviços da assistência social.

CCI Morumbi utilizou atividades propostas pelo álbum do bebê para recepcionar um novo grupo de cuidadoras / Crédito: CCI Morumbi

Um grupo de pessoas está sentada nos tatamas do CCI Morumbi. Em destaque, dois bebês sobem uma escadaria Pikler. Atrás, estão mulheres e alguns bebês.

*O álbum foi produzido pelo CECIP Centro de Criação de Imagem Popular para a iniciativa Urban95, em parceria com a Pistache Editorial e a Descobrir Brincando, para integrar os serviços de primeira infância da prefeitura de Cascavel (PR), cidade que faz parte da Rede Urban95. O conteúdo pode ser utilizado por outras cidades e está disponível para download em formato de PDF e de impressão para gráfica

Cidades compartilham estratégias para implementar a agenda intersetorial da Primeira Infância

Implementar, monitorar e garantir a continuidade de políticas públicas de primeira infância depende do engajamento de servidores e gestores de diferentes áreas da gestão municipal. Para apoiar as equipes técnicas no desafio de expandir o compromisso com a temática, o primeiro webinar de 2023 da Rede Urban95 teve como tema Boas Práticas para Capilarizar a Agenda da Primeira Infância nos municípios. O encontro, organizado pelo CECIP, aconteceu no dia 1 de março para gestores e equipes técnicas das 25 cidades da Rede.

Recife (PE) e Sobral (CE) foram as cidades convidadas a compartilhar suas estratégias com a rede. Em uma conversa mediada pela especialista em comunicação Paula Perim, Recife apresentou os modelos de governança que garantem a implementação e monitoramento de políticas públicas de primeira infância na cidade, enquanto Sobral trouxe a experiência das Cirandas de Formação.

Confira quatros estratégias apresentadas no webinar que aumentam o engajamento de servidores e da gestão no seu município:

1) Momentos formativos constantes e intersetoriais

As Cirandas de Formação são um bom exemplo de ação de capacitação, pois estimulam que diferentes secretarias se envolvam na execução dos encontros e tragam olhares múltiplos para a primeira infância. Os eventos organizados periodicamente contam com apresentações culturais e participação de especialistas em temáticas relevantes a quem trabalha com este público, como educação não violenta e direito à cidade.

2) GTs, secretarias ou comitês dedicados à primeira infância

Ter organismos ou cargos com a responsabilidade de implementar e monitorar ações de primeira infância no município, de forma intersetorial, é um dos caminhos apontados pelas cidades. Recife criou uma Secretaria Executiva, responsável pela execução das políticas, e também Comitês Gestores e Executivos Intersetoriais, onde grupos formados por representantes de cada uma das secretarias monitoram as ações previstas no Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI).

3) Orçamento para a primeira infância

Para garantir a execução das ações voltadas a este público e sua rede de apoio, Recife previu um recurso exclusivo dentro do Plano Plurianual Municipal (PPA). Existem outras possibilidades para assegurar este recurso, como o Orçamento Criança, metodologia que prevê a criação de um fundo separado voltado para a agenda, ou ainda prever um recurso alocado em cada uma das secretarias do município. O que o Marco Legal da Primeira Infância prevê é que tanto a União quanto os municípios identifiquem em seus orçamentos os recursos investidos na primeira infância (Art. 11 § 2º).

4) Comunicação interna e externa sobre a primeira infância

Paula Perim, especialista de comunicação e ex-diretora de comunicação e sensibilização da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), recomendou aos municípios que invistam em ações de comunicação interna para aumentar o engajamento dos servidores, compartilhando notícias sobre projetos em andamento e também conteúdos sobre o tema. Outra sugestão estratégica é engajar a imprensa local, chamando-a para eventos, audiências e inaugurações de projetos.

Confira o webinar na íntegra:

“Espaços públicos e mobilidade para a primeira infância” foi tema de encontro da rede Urban95

Evento online promoveu debate sobre as possibilidades de repensar a cidade para a primeira infância, partindo da reformulação da mobilidade urbana e das intervenções em espaços públicos.

Um olhar cuidadoso para o planejamento e o desenho urbano das nossas cidades pode ter um impacto significativo para o começo da vida das nossas crianças. Por isso, as cidades que integram a rede Urban95 para a primeira infância participaram do 4º webinar, com o tema “Espaços públicos e mobilidade para a primeira infância”, na terça-feira (3/11).

A Clarisse Linke, Diretora do ITDP Brasil – Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento, trouxe reflexões sobre como pensar a mobilidade em nossas cidades com o olhar para a primeira infância; apresentando exemplos de experiências exitosas na implementação de projetos, ações e políticas de mobilidade.

O IDTP é uma organização que visa a promoção do transporte sustentável e equitativo no mundo, para garantir o acesso à cidade, reduzir emissões de carbono e a desigualdade social. Segundo a Clarisse, a temática da primeira infância abriu uma porta de reflexão para pensar a mobilidade urbana sob uma nova perspectiva.

Ela iniciou sua apresentação com a reflexão sobre a experiência que as pessoas têm na rua que, segundo ela, não promovem segurança. “Os acidentes de trânsito, por exemplo, são uma das principais causas das mortes de crianças em diversos países”, afirma, apresentando os dados da análise da Child Health Initiative.

A velocidade de semáforos e dos carros, além da estrutura pouco humanizada, que valoriza mais a propriedade privada – os carros – do que as pessoas, mostra o quanto as cidades são desenhados para adultos hábis, que são um percentual pequeno da população. A Lei Nacional da Mobilidade Urbana (2012) inverte as prioridades, colocando os pedestres à frente.

A partir daí, “como transformar os deslocamentos em caminhos que explorem o lúdico e o potencial criativo de nossas crianças e sejam ao mesmo tempo seguros?”, questiona Clarisse.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), as crianças devem ter pelo menos 30 minutos de atividades físicas diariamente. Mas, onde elas podem se exercitar? “A gente banaliza essa falta de espaço (para as crianças)”, conta Clarisse, mostrando o exemplo de um empreendimento do programa Minha Casa, Minha Vida, em que não há espaços para circulação, nem pontos de ônibus próximos.

“A rua é um espaço ideal para a gente crescer e se entender tanto no coletivo, como indivíduos”, afirma. “A gente precisa redesenhar a rua e nossos sistemas de mobilidade”.

Redes orientadas pela conectividade, que priorizam o deslocamento de pessoas, incentivam o pedestre e o ciclista, fortalece o desenvolvimento local e com variedade de tamanhos nas quadras e largura das ruas, são critérios importantes para garantir a maior circulação das pessoas nas ruas.

Sobre o futuro da mobilidade, Clarisse acredita que “a pandemia nos traz a oportunidade de pensarmos em um modelo de cidade que permite todas as circulações, em tempos e escalas diferentes”. Para ela, quando gente olha para a primeira infância a gente pensa em como criar espaços confortáveis e adequados para todos, com acesso sensível ao sistema de transporte público.

Cristiana Gonçalves Pereira Rodrigues, Gerente de Projetos de Desenho Urbano na SP Urbanismo – Empresa Municipal de Projetos Urbanos, também participou do encontro e apresentou como os espaços públicos podem contribuir para desenvolvimento das crianças na primeira infância.

Ela apresentou a iniciativa do Territórios Educadores, que realiza ações em alguns locais da cidade de São Paulo, partindo dos princípios de proteção e priorização de pedestres e ciclistas, de suporte à permanência no espaço livre público, atração do público e ativação dos espaços e que potencializam as apropriações existentes.

Com exemplos de ativação, em que brinquedos foram instalados em espaços públicos, Cristiana afirma que a interação é um aprendizado importante, pois ela ela contribui com o desenvolvimento de funções cognitivas nos primeiros anos de vida); e a sua importância não é conhecida entre os cuidadores, que colocam a interação como 4º item mais importante para o desenvolvimento da criança e realiza essa interação apenas em momentos de deslocamento entre casa e escola.

A partir deste conhecimento, o projeto desenvolveu as Trilhas Educadoras, que são intervenções urbanas que transformam os caminhos das crianças pela cidade; e as Estações Educadoras, que são espaços que estimulam a criança a rolar, rastejar, sentar, equilibrar, andar, escalar e esconder-se, e reforça seu relacionamento com seu cuidador(a).

“Está havendo uma reflexão sobre como serão os espaços públicos pós-pandemia, mas na verdade, a gente já vem pensando na qualificação e importância do espaço público muito antes”, afirma Cristiana, sobre os impactos da covid-19 na iniciativa. Para ela, as reflexões continuam, como sempre aconteceram.

Após as apresentações Clarisse e Cristiane realizaram um debate, respondendo também à perguntas dos participantes.

A Rede Urban95 é uma iniciativa da Fundação Bernard van Leer e do Instituto Cidades Sustentáveis, reunindo 14 cidades com o objetivo comum de desenvolver e fortalecer programas e políticas para crianças de 0 a 6 anos de idade. Recentemente, integraram a Rede as seguintes cidades: Aracaju (SE), Brasiléia (AC), Campinas (SP), Caruaru (PE), Crato (CE), Fortaleza (CE), Ilhéus (BA), Jundiaí (SP), Niterói (RJ), Pelotas (RS) e Ubiratã (PR).

A iniciativa visa estimular os municípios a incorporarem, no planejamento e na gestão, o foco no desenvolvimento da primeira infância, a partir de ações e políticas públicas efetivas neste campo. Esse workshop foi o segundo de uma série de capacitações do programa.

Para ouvir: Como a primeira infância tornou-se tema transversal na prefeitura de Fortaleza

Novo episódio do podcast do Instituto Cidades Sustentáveis traz uma conversa com o secretário da Conservação e Serviços Públicos e a primeira-dama da cidade.

O Secretário Municipal da Conservação e Serviços Públicos de Fortaleza, Luiz Alberto Aragão Saboia, e a primeira-dama da cidade, Carol Bezerra, contam como a capital do Ceará tornou-se referência no Brasil em infância em participação no episódio #005 do podcast Futuros Urbanos.

Uma das 14 cidades que integram a Rede Urban95, iniciativa da Fundação Bernard Van Leer e do Instituto Cidades Sustentáveis (Instituto Cidades Fortaleza), Fortaleza tem planejado e executado projetos considerando as necessidades da primeira infância.

Quando pensamos em políticas públicas municipais para a primeira infância, normalmente lembramos das questões básicas, ligadas à creche, uniformes, alimentação, que costumam integrar as pastas de educação ou saúde. No entanto, todas as áreas de desenvolvimento de uma cidade podem partir da perspectiva das crianças.

O secretário Saboia conta que os gestores foram percebendo as necessidades de pensar nas crianças na execução dos projetos urbanísticos de maneira intuitiva. “Precisávamos promover uma convivência urbana pacífica e sadia, o que necessariamente atrai famílias e para isso, precisamos atrair as crianças. Então, começamos a incorporar elementos específicos para criança na construção de espaços públicos”.

Instituto Cidades Fortaleza

Carol tem participado ativamente de projetos da cidade que envolvam a primeira infância e isso começou com visitas a creches municipais. Depois, ela foi convidada para fazer uma formação em Harvard, nos Estados Unidos, como liderança executiva da primeira infância. A partir daí, voluntariamente, ela começou a se aliar com secretarias para desenvolver iniciativas. Diante dos desafios, a formação dos agentes públicos foi importante para o avanço do tema.

“A intersetorialidade talvez tenha sido o aspecto mais difícil de construir, porque a criança é um ser integrado e não posso olhar para ela separada das pastas”, conta Carol Bezerra. “Atualmente, em toda reunião governamental a primeira infância está em pauta e fomos a primeira capital a concluir a criação do Plano Municipal para a Primeira Infância”.

Sobre Futuros Urbanos

Disponível nas principais plataformas digitais, o podcast Futuros Urbanos, do Instituto Cidades Sustentáveis, aborda além dos problemas das cidades, compreendendo as desigualdades sociais, apresentando soluções, e contando histórias de experiências que deram certo e podem servir de inspiração e estímulo. O objetivo é sensibilizar e mobilizar a sociedade e governos locais para o desenvolvimento justo e sustentável das cidades.

Rede Urban95 promove workshop sobre políticas públicas para a primeira infância

As 14 cidades da Rede Brasileira Urban95 participaram do workshop sobre políticas públicas e utilização de serviços, que apresentou exemplos práticos de municípios que desenvolvem projetos para a primeira infância, na terça-feira (06/10).

“A partir das várias esferas de cuidado com os pais, famílias e crianças, como criar círculos virtuosos na cidade?”, questiona Carol Guimarães, coordenadora da Rede Urban95 na abertura do encontro. “Vamos pensar em como criar um caminho acessível para os serviços, para que seja um facilitador e não um inibidor”.
Ely Harasawa, ex-secretária Nacional de Atenção a Primeira Infância no Ministério da Cidadania, falou sobre a articulação entre entes federativos e a experiência do Criança Feliz.
Contextualizando o desenvolvimento de programas de combate à pobreza e diminuição das desigualdades sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família, ela falou sobre o impacto da implementação da Lei 13.257, o Marco Legal da Primeira Infância, criada em março de 2016, que culminou no decreto do Programa Criança Feliz, em outubro do mesmo ano.
O objetivo era acompanhar e orientar as famílias com crianças de zero a seis anos inscritas no Cadastro Único, oferecendo instrumentos para que os pais estimulem o envolvimento integral dos filhos. O público-alvo da iniciativa são mulheres grávidas e crianças de até 3 ano, além de crianças de até 6 anos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e estão afastadas do convívio familiar devido a medidas de proteção.
O modelo de governança exige a união entre estados e municípios, por meio do Comitê Gestor (interministerial), do Comitê Estadual (GTE) e do Comitê Municipal (GTM). “Essa articulação é fundamental para toda e qualquer política federal, mas só acontece se houver mobilização entre os entes federados”, afirma Ely.
Duas estratégias são usadas no programa: as visitas domiciliares e a integração das políticas municipais nos territórios, que acontecem por meio do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que estão em todos os municípios.
As visitas possuem uma tecnologia de intervenção que é baseada nos cuidados do desenvolvimento da criança, uma metodologia desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef, os planos de intervenção são individualizados para cada família e o Estado tem um papel proativo dentro da casa das famílias mais vulneráveis.
“É importante que as políticas estejam integradas também, por isso foi criado um Comitê Interministerial, composto pelas áreas da Saúde, Direitos Humanos, Cultura, Educação e Assistência Social, para que pudéssemos, também em nível federal, pensar em novas ações de interação dessas pastas”, explica.
Além disso, o Comitê também fornece conteúdo de educação para as equipes que estão atuando nos territórios. No geral, dos 5.570 municípios brasileiros, 4.153 são elegíveis e 2.934 aderiram voluntariamente ao programa Criança Feliz. Com isso, 870.821 crianças e 194.174 gestantes foram beneficiadas, totalizando 1.064.995 pessoas alcançadas pelas ações, segundo o Prontuário Eletrônico do SUAS, até setembro deste ano. Atualmente, são 25.650 profissionais atuando nos territórios.
Segundo Ely, os maiores desafios para a implementação do programa também são os caminhos para garantir a sua sustentabilidade: política baseada em evidências científicas; flexibilidade nos modelos para contextos diversos; embasamento legal (leis, decretos, portarias e resoluções); orçamento (PPA); sistema de informação e monitoramento; recursos humanos qualificados (Programa de Educação permanente); e avaliação, entre outros, devem ser considerados.
Trazendo a experiência com o Urban95 para a implementação da política para a primeira infância no território, Jorge Vieira, secretário de Planejamento e Gestão da Prefeitura de Recife, contou sobre como o secretariado foi impulsionado a criar e desenvolver ações voltadas para a primeira infância, a partir de formações e assessoria técnica. “A nossa abordagem ficou mais integrada”, afirma ele.
O Marco Legal da Primeira Infância foi aprovado na cidade no início de 2018, com 14 princípios norteadores, 15 diretrizes, 53 competências e 70 ações. Um ano depois, foi criada a Secretaria Executiva para a Primeira Infância. “Isso fez a diferença porque havia uma pessoa olhando exclusivamente para todas as iniciativas para esse público”, conta Vieira.
Em 2020, iniciou-se o processo para a criação do Plano Municipal da Primeira Infância. “Temos o desafio de dar escala aos serviços, executar as estratégias do Plano Municipal e garantir a sustentabilidade política e a governança, para que os projetos saiam do papel e as ações sejam executadas, além de melhorar a gestão dos indicadores”.
Com o apoio da Urban95, foi feita uma pesquisa e criaram-se indicadores para geração de um Painel de Monitoramento para a primeira infância de Recife. Também elaborou-se a concepção de duas intervenções urbanas, com protótipos nas comunidades de Iputinga e Alto Santa Terezinha, além de campanhas de comunicação com foco na mudança de comportamento para o desenvolvimento da primeira infância e do espaço público.
Todo o processo envolve o diagnóstico e a observação do território, a escuta e a pesquisa com as crianças e o desenvolvimento de um mapa situacional. “Mães e crianças participaram do processo e isso pode até gerar uma impaciência por parte dos agentes públicos, mas ao final deixou a intervenção mais robusta”, conta o secretário sobre a ação que envolveu 15 reuniões, mais de 300 famílias e 500 crianças nos projetos da Praça Arari Ferreira Fonseca e na Praça Zé Gotinha, Caminhos da Iputinga, Praça e entorno do Compaz.
Ainda há duas ações previstas para acontecer em dois projetos: o Mais Vidas Nos Morros, de intervenções urbanas, e o Programa Mãe Coruja, para melhorar o índice de utilização dos seus serviços.
“Acreditem no potencial do engajamento do cidadão, envolvam todas as secretarias, sem exceção, e não foquem apenas em medidas a curto prazo. Construam as bases para o futuro”, sugere Vieira.
Karina Tollara D’Alkimin, Assessora Especial da Prefeitura de São Paulo, falou sobre a entrega dos serviços no território após a aprovação do PMPI de São Paulo, em 2018, e quais foram seus avanços e desafios.
“As diretrizes de intersetorialidade e de priorização das crianças em situação de vulnerabilidade guiaram tanto a elaboração quanto a implementação do plano”, conta Karina. A partir daí, criaram um plano de ação, priorizaram dez distritos e garantiram a inclusão da primeira infância no programa de metas da prefeitura de São Paulo.
As metas associadas ao programa foram atender, conforme padrão, 80% do total das crianças de 0 a 6 anos em situação de vulnerabilidade, reduzir a taxa de mortalidade infantil e ampliar as vagas em creche.
Foram priorizadas ações de fortalecimento da atuação intersetorial articulada com o objetivo de promover o acesso aos serviços e o atendimento integral e integrado das gestantes, crianças na primeira infância e suas famílias e a instituição de uma cultura institucional voltada à primeira infância e de uma rede de proteção.
A estrutura de governança também foi organizada com a criação de um comitê gestor intersetorial, comissão técnica e a articulação de 32 comitês gestores regionais. Além disso, foi criado um sistema integrado da primeira infância, entre outras iniciativas para promover o tema.
Solange Leal Vitorino, supervisora técnica de Assistência Social de Guaianases – um dos 96 distritos de São Paulo – e representante no Comitê Gestor Regional da Primeira Infância, contou como o papel dos comitês regionais foi importante na melhoria da qualidade de vida das crianças no território.
Guaianases é uma região com quase 300 mil habitantes e muitas ações voltadas para a infância já estavam em andamento, segundo ela. Mas a criação do comitê proporcionou um olhar qualificado para o assunto. “Percebemos que tínhamos muitas ações individualizadas e entendemos que, apesar disso, as mães e as crianças atendidas eram as mesmas. Então, começamos a compactuar um fluxo, para que esse público fosse melhor atendido”, explica.
Alexandra Valéria Maria Brentani, docente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, abordou a oferta de serviços para a Primeira Infância em Boa Vista, capital de Roraima.
Na cidade, o programa de visitas domiciliar, baseado em evidências e inspirado numa experiência da Jamaica desde a década de 1970, possibilita um resultado de atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade a longo e médio prazo, segundo Alexandra. Com foco no estímulo das crianças, algumas questões levantadas levaram à abordagem que enfatiza os módulos pré-natal, neonatal e o desenvolvimento infantil de 1 a 36 meses.
Com livros e brincadeiras, as visitas da iniciativa jamaicana começaram por áreas mais vulneráveis, assim como ocorreu em São Paulo. Há um esforço para encontrar mecanismos que impulsionam a fidelização das famílias e, para isso, é necessário garantir a qualidade da visita.
“Até agora, vimos que a adesão da família é essencial para que o impacto aconteça. Para isso, precisamos ter uma participação de pelo menos 75% das visitas por um período de 8 meses”, explica Alexandra. É exigido, então, profissionais adequados e disponíveis para a correta implementação do programa.
Alexandra reforça que, apesar de ter um modelo de atuação, o monitoramento é fundamental na hora de implementar em larga escala, para garantir a qualidade e atingir as famílias que precisam.
O compromisso do prefeito, o marco legal da primeira infância, o envolvimento da sociedade civil, o engajamento de equipes técnicas e parcerias institucionais como a realizada com a Urban95 são imprescindíveis para a implementação das iniciativas, segundo apontamentos feitos durante a apresentação de cada participante.
A Rede Urban95 é uma iniciativa da Fundação Bernard van Leer e do Instituto Cidades Sustentáveis, reunindo 14 cidades com o objetivo comum de desenvolver e fortalecer programas e políticas para crianças de 0 a 6 anos de idade. Recentemente, integraram a Rede as seguintes cidades: Aracaju (SE), Brasiléia (AC), Campinas (SP), Caruaru (PE), Crato (CE), Fortaleza (CE), Ilhéus (BA), Jundiaí (SP), Niterói (RJ), Pelotas (RS) e Ubiratã (PR).
A iniciativa visa estimular os municípios a incorporar, no planejamento e na gestão, o foco no desenvolvimento da primeira infância a partir de ações e políticas públicas efetivas neste campo. Esse workshop foi o segundo de uma série de capacitações do programa.

Gestão de dados para a primeira infância é tema de workshop da Rede Urban95

“A gestão de dados e a tecnologia a serviço da primeira infância”

foi o tema do 2º webinar temático realizado na terça-feira (1/9) para gestores públicos e equipes das 11 cidades que integram a Rede Brasileira para a Primeira Infância Urban95. Cerca de 100 pessoas estiveram no encontro online com Filipe Rocha, consultor de Sistemas de Monitoramento para Primeira Infância da Fundação Van Leer e pesquisador na área de integração de dados da Unicamp e Data Protection Officer.

A Rede Nossa São Paulo (RNSP), iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis que coordena a Urban95 no Brasil, também apresentou sua trajetória e experiência no trabalho com dados relacionados à primeira infância – como os 130 indicadores reunidos no Observatório da Primeira Infância e o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância, que teve sua primeira edição em 2017. “Esse instrumento mostra onde precisamos investir na infância, quais são as regiões que, de fato, devem ser priorizadas pelo orçamento municipal”, afirma Carolina Guimarães, coordenadora da RNSP.

Para introduzir o tema, Rocha observou que, ao tratar de assuntos relacionados à primeira infância na cidade, seja na perspectiva dos dados ou na gestão de indicadores, é preciso pensar além dos parquinhos, das escolas ou das creches.

“A primeira infância está muito ligada aos desafios da vida urbana: espaço públicos, serviços e mobilidade”, explica.

“Além disso, há um componente muito importante que é a tomada de decisão baseada em dados”.

A partir disso, Rocha conta que a gestão de dados propicia ações assertivas e direciona para decisões estratégicas. O propósito dos indicadores é conseguir compreender a cidade e planejá-la para a primeira infância.

“Temos que pensar a partir de diversas perspectivas: do serviço que se oferece ao próprio planejamento que a cidade tem que desenvolver”, aponta.

Na prática, os dados devem gerar transformação e, por isso, é necessário divulgá-los em uma linguagem mais simples. Dessa forma, qualquer pessoa, seja quem está na linha de frente do atendimento ao público ou quem planeja as ações, seja a gestão pública ou o terceiro setor, pode agir diante de determinada constatação por meio de indicadores.

“Todas as vezes que traduzimos dados e informações, geramos indicadores. E, se eles não forem utilizados pelo poder público, não vamos conseguir atingir melhorias de fato, impactar a primeira infância”, afirma.

A cultura de dados é uma peça que falta para avançarmos na construção de políticas públicas mais justas e inclusivas para a primeira infância. E é preciso mais do que tecnologia para isso.

“É necessário mudar mentalidades, atitudes e hábitos, incorporando os dados na identidade da gestão”, conta.

Filipe Rocha destaca ainda que o mais importante no processo de implementação da cultura de dados é fazer as pessoas compreenderem o sistema que os coletam e acreditem na informação. Para isso, a gestão (desde o agente comunitário até o prefeito ou prefeita) precisa permitir que as pessoas participem da implantação de indicadores.

O êxito está na transparência, na colaboração e na abertura de dados. Quando todos podem participar de forma colaborativa da coleta de algum dado, é possível se aproximar mais da realidade da cidade, que é dinâmica e se transforma diariamente.

“Todo dia você tem novos buracos na via, calçadas sendo estragadas, entulhos sendo colocados em lugares indevidos. A cidade é viva. Acreditar que a prefeitura vai conseguir ter todos os dados, sem colaboração, apenas com uma equipe interna, está fadado ao fracasso”, complementa Rocha.

A Rede Urban95 é uma iniciativa da Fundação Bernard van Leer e do Instituto Cidades Sustentáveis, reunindo 14 cidades com o objetivo comum de desenvolver e fortalecer programas e políticas para crianças de 0 a 6 anos de idade. Recentemente, integraram a Rede as seguintes cidades: Aracaju (SE), Brasiléia (AC), Campinas (SP), Caruaru (PE), Crato (CE), Fortaleza (CE), Ilhéus (BA), Jundiaí (SP), Niterói (RJ), Pelotas (RS) e Ubiratã (PR).

A iniciativa visa estimular os municípios a incorporarem, no planejamento e na gestão, o foco no desenvolvimento da primeira infância, a partir de ações e políticas públicas efetivas neste campo. Esse workshop foi o segundo de uma série de capacitações do programa.

Por boas práticas, Jundiaí é selecionada para rede nacional de primeira infância

Após seleção em nível nacional, Jundiaí passa a integrar a Rede Urban95 Brasil, desenvolvida pela fundação holandesa Bernard Van Leer em parceria com o Instituto Cidades Sustentáveis. Por videoconferência, nesta terça-feira (7), o Município foi oficialmente inserido ao grupo de 11 cidades brasileiras (somados a São Paulo, Boa Vista e Recife, que já integravam a Rede). No Estado paulista, apenas três cidades participam da iniciativa. A aprovação ocorreu em razão de Jundiaí priorizar a primeira infância nas suas ações de políticas públicas.

Rede da primeira infância Urban95 é criada no Brasil com 14 cidades

Iniciativa lançada pela Fundação Bernard van Leer e o Instituto Cidades Sustentáveis tem o objetivo comum de desenvolver e fortalecer programas e políticas para a primeira infância no país

Já imaginou como é enxergar a cidade a partir da perspectiva de 95 cm de altura? A rede Urban95 reuniu onze cidades brasileiras para fortalecer, ampliar e desenvolver programas e políticas públicas para a primeira infância no País. A iniciativa da Fundação Bernard van Leer, em parceria com o Instituto Cidades Sustentáveis, foi lançada na terça-feira, 07/07.
“Acreditamos firmemente na necessidade de colocar as crianças no centro das políticas públicas, quando pensamos e desenhamos cidades. É fantástico ter esta quantidade de parceiros estratégicos disponíveis para caminhar conosco”, celebra Andreia Torres, diretora de programas da Fundação Bernard van Leer.
O projeto apoiará os municípios na realização de um diagnóstico detalhado sobre a experiência e acesso de crianças e bebês às cidades, oferecendo dados que poderão embasar a construção de políticas públicas mais acertadas para a primeira infância e alinhadas a outras agendas estratégicas locais.
“Será um grande passo para a qualidade de vida das gerações futuras. Teremos eleições este ano e a construção de políticas públicas que garantam a continuidade desse tema é fundamental. É bom ressaltar a importância dessas lideranças das cidades, no estímulo à implementação de ações. Nesse sentido, é um cuidado com o presente que dialoga com o futuro”, afirma Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis.
Foto:    Bernard Hermant (Unsplash)
Participaram do encontro online de lançamento prefeitas, prefeitos e secretários das cidades envolvidas: Aracaju (SE), Brasiléia (AC), Campinas (SP), Caruaru (PE), Crato (CE), Fortaleza (CE), Ilhéus (BA), Jundiaí (SP), Niterói (RJ), Pelotas (RS) e Ubiratã (PR).
Deram as boas-vindas os três municípios que já desenvolveram projetos para a primeira infância, em parceria com Urban95: Boa Vista (RR); Recife (PE); e São Paulo (SP). Além de parceiros estratégicos, como o Instituto de Políticas de Transportes e Desenvolvimento (ITDP), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o WRI Brasil e consultores especializados em primeira infância.
A partir de agora, essas cidades terão apoio técnico nos temas de urbanismo, mobilidade, gestão de dados, ciência do comportamento, comunicação com foco em crianças pequenas e seus cuidadores e uma consultoria para o aprimoramento de políticas e programas oferecidos por especialistas na área.
Também haverá apoio à implementação e monitoramento de Planos Municipais pela Primeira Infância, visando à garantia de que a agenda para a primeira infância seja priorizada continuamente pelos gestores públicos.