A importância das interações sociais na primeira infância

04/12/2021 Blog, Primeira infância

Experiências que vão moldar toda uma vida

As situações e estímulos que as crianças recebem durante os primeiros anos de vida ajudam a moldar sua personalidade, hábitos na vida adulta, sua capacidade de se relacionar e, até mesmo, seu desenvolvimento econômico no futuro. Durante a primeira infância, o cérebro se desenvolve mais rapidamente que em qualquer outra fase, fazendo desses anos mágicos uma prioridade para aqueles que planejam e executam políticas públicas pensando na segurança, no acesso aos serviços e no bem-estar da sociedade. Intervenções na primeira infância já tiveram sua eficácia comprovada como incentivadoras de comunidades mais saudáveis, resilientes e prósperas ao redor do mundo. 

As crianças dependem dos pais e outros cuidadores para ter acesso ao mundo e a todas as experiências que ajudarão a construir sua arquitetura cerebral e bons processos de aprendizado durante o resto da infância e da vida adulta. Por isso, defendemos que esses adultos são as mais poderosas influências sobre o desenvolvimento infantil e devem receber todo o apoio necessário para executar essas funções tão importantes para o futuro coletivo.

As interações sociais de um bebê ou de uma criança com os adultos começam em casa, com pais e outros membros da família, como avós, tios e irmãos. Esses cuidadores são responsáveis pela segurança e saúde da criança, assim como pelo que ela come e por sua percepção do mundo. São as primeiras relações do indivíduo que geram os principais vínculos e devem moldar seus padrões de comportamento para outros relacionamentos. Quando em interação, as crianças estão desenvolvendo seu cérebro de forma saudável e programando-o para aprender e interagir com o mundo de forma plena. 

Brincar, cantar e contar histórias

Um cuidado afetuoso, estimulante e responsivo é um dos melhores caminhos para o desenvolvimento na primeira infância

Quando pais e outros cuidadores conversam, cantam e brincam com seus bebês, eles os ajudam a construir um cérebro saudável, responsivo e com boa capacidade de adaptação aos acontecimentos. Estudos mostram que um cuidado afetuoso, estimulante e responsivo é um dos melhores indicadores de que essas crianças serão bem-sucedidas social e economicamente.

Brincadeiras interativas estimulam as conexões nos cérebros de bebês e crianças pequenas, ajudando no desenvolvimento motor, cognitivo e nas habilidades socioemocionais. Interações, como abraços, contato visual, vocalizações e gesticulações, constroem um vínculo emocional entre cuidador e criança, ajudando os pequenos na compreensão do mundo. 

Interações verbais com bebês e crianças pequenas beneficiam profundamente suas habilidades de linguagem e criam um importante alicerce para o desenvolvimento socioemocional e para a posterior alfabetização. Responder aos sons, às expressões e aos movimentos das crianças pequenas por meio de conversas chegou a ser relacionado ao QI delas durante a adolescência. Falar e cantar para bebês e crianças pequenas também ajuda no desenvolvimento das habilidades socioemocionais: se os pais mencionam e discutem suas emoções e perguntam às crianças como elas estão se sentindo, elas aprenderão a ter consciência de suas emoções e serão mais capazes de controlá-las. 

Saúde mental dos cuidadores

Gestores e planejadores urbanos devem pensar também nos adultos que cuidam

Sabemos que cuidadores de bebês e crianças pequenas podem sofrer de depressão e outros distúrbios emocionais que podem influenciar sua capacidade de oferecer todas as condições para o desenvolvimento infantil. Bebês e crianças pequenas cujos cuidadores sofrem de alguma doença mental têm um risco maior de atrasos no desenvolvimento assim como de problemas de saúde mental e social na vida adulta. Pais que sofrem de depressão e estresse podem ter mais dificuldade para compreender e responder aos sinais de seus filhos e manter uma boa interação com eles e podem estar menos propensos a procurar serviços de saúde para suas crianças.

Além da falta de sistemas sociais de apoio à saúde mental dos cuidadores, o entorno físico também é um dos fatores que afetam a saúde mental. Vários elementos ambientais, como a percepção de segurança, níveis de ruído, calor, qualidade do ar, presença de pessoas, iluminação, espaços na natureza, oferta de atividades e estética, exercem impactos diferentes sobre a saúde mental, dependendo de sua intensidade e frequência.

Saiba qual a importância das brincadeiras na primeira infância.